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texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná

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objectivo ao subjectivo.” (POMBO, 1905, 128)). Disso não é difícil tirar que existe um<br />

verdadeiro ataque ao naturalismo enquanto possibilidade artística, não por sua arte<br />

decorrer de uma imitação da natureza, mas pela forma como eles reduzem a natureza a<br />

uma mera questão objetiva.<br />

LV – A tentativa <strong>do</strong>s naturalistas em França não é mais <strong>do</strong> que um apercebimento <strong>do</strong>s<br />

superiores actuaes que não encontram ainda a plastica da espiritualidade actual. Isto já se<br />

vê que reduz muito a importancia <strong>do</strong> movimento. De facto: arte que não decorre da<br />

natureza não é arte. Mas não se supponha que mesmmo aquelles que mergulham nas<br />

profundezas da mysticidade andem fóra ou destaca<strong>do</strong>s da natureza. (POMBO, 1905, 135)<br />

Ten<strong>do</strong> esses cadernos em mãos, o narra<strong>do</strong>r começa a se armar para penetrar mais<br />

profundamente no mun<strong>do</strong> de Fileto. Como este só escrevia para que tivesse onde<br />

recorrer quan<strong>do</strong> fosse necessário avivar à mente as imagens <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que construiu, o<br />

narra<strong>do</strong>r não está ven<strong>do</strong> um mun<strong>do</strong> estrutura<strong>do</strong>, mas um esboço de um mun<strong>do</strong> que só<br />

ocorre plenamente na mente de Fileto. Mas, ao tomar contato com as palavras, mesmo<br />

que as considere caóticas, pode usá-las para perceber os direcionamentos básicos desse<br />

mun<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> por Fileto. E, mais <strong>do</strong> que isso, pode usar as próprias palavras de<br />

Fileto para dar suporte ao seu discurso, descontextualizan<strong>do</strong> as palavras de Fileto. Neste<br />

processo, explicita-se a falta de fundamentação de qualquer forma de vida, aparentan<strong>do</strong><br />

ser sempre mais consistente quem possuir maior possibilidade discursiva, de construir<br />

uma fala mais aceitável pelos outros (FOUCAULT, 2000b). Os <strong>do</strong>is estão pensan<strong>do</strong> em<br />

compreender o espírito <strong>do</strong> outro. O narra<strong>do</strong>r quan<strong>do</strong> penetrar profundamente no mun<strong>do</strong><br />

de Fileto, usan<strong>do</strong> as próprias palavras <strong>do</strong> interno como justificativa da entrada, e Fileto<br />

acreditan<strong>do</strong> ter encontra<strong>do</strong> um ser semelhante, com quem vale a pena manter contato.<br />

Entre a leitura <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> caderno e os <strong>do</strong>is seguintes há um longo espaço de<br />

tempo durante o qual os <strong>do</strong>is vão penetran<strong>do</strong> um no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> outro. É durante esse<br />

tempo que o narra<strong>do</strong>r conhece a irmã de Fileto e se encanta pelo espírito dela,<br />

acreditan<strong>do</strong> que o espírito dela pudesse ser mais eleva<strong>do</strong> que o de Fileto. Isso faz com<br />

que dúvidas sobre a efetiva validade de investir tanto tempo na compreensão <strong>do</strong> espírito<br />

<strong>do</strong> interno surjam. O narra<strong>do</strong>r, quan<strong>do</strong> pensa na irmã de Fileto, passa a imaginar se o<br />

interno não seria somente um louco, um louco genial, mas nada mais <strong>do</strong> que isso.<br />

Esse perío<strong>do</strong> entre a leitura <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> caderno e os <strong>do</strong>is seguintes é o perío<strong>do</strong><br />

mais conturba<strong>do</strong> nas ações <strong>do</strong> livro. As ações que se realizam nesse momento começam<br />

a ser preparadas durante o tempo de leitura <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is primeiros cadernos. A família de<br />

Fileto vem visitá-lo algumas vezes e isso vai crian<strong>do</strong> um incômo<strong>do</strong> ao narra<strong>do</strong>r, que vê

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