texto integral - Allan Valenza.pdf - Universidade Federal do Paraná
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é, mas, pela sua própria condição no mun<strong>do</strong>, não é capaz de comunicar a ninguém a sua<br />
compreensão.<br />
Durante to<strong>do</strong>s os <strong>texto</strong>s desse terceiro caderno, o Fileto-autor vai transitan<strong>do</strong> por<br />
personagens que simbolizam novas possibilidades de compreensão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Crian<strong>do</strong><br />
personagens capazes de olhar para a realidade de outras formas (como em O Monge), ou<br />
de personagens que seriam capazes de fazer as outras pessoas enxergarem mistérios na<br />
vida (como em Os Duendes e Gilda) ou de ambientações que representam não seres,<br />
mas por lugares que são capazes de criar a libertação <strong>do</strong>s valores, permitin<strong>do</strong> a<br />
formação de um olhar livre sobre o mun<strong>do</strong> e a vida (como em Nas Catacumbas, No<br />
Cemitério da Montanha e A Montanha).<br />
O término deste caderno é que trará um <strong>texto</strong> de transição. Se todas as criações<br />
ficcionais de Fileto colocadas nesse caderno têm uma grande tendência ao isolamento e<br />
à visão livre de preconceitos morais, em O Precursor existe uma certa negação desses<br />
valores defendi<strong>do</strong>s nos outros <strong>texto</strong>s. Neste último <strong>texto</strong> o precursor seria aquele que<br />
viria para mostrar para os outros como seria instalada a “era nova” (“Aquelle que vinha<br />
installar a éra nova” (POMBO, 1905, 177)), expressão que, por sinal, será o título <strong>do</strong><br />
último caderno. Diferentemente <strong>do</strong>s demais <strong>texto</strong>s que são marca<strong>do</strong>s por experiências<br />
particulares que podem ser vislumbradas por outros seres e estes, pelo choque com<br />
posturas livres sobre a vida, podem gerar suas próprias experiências, neste último <strong>texto</strong>,<br />
se espera a vinda de alguém que indicará o caminho a ser segui<strong>do</strong>.<br />
⎯ “E quem és tu?” ⎯ “Eu sou aquelle que prepara os caminhos. Vai apparecer Quem foi<br />
antes de mim e antes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, e que vem abrir a aurora <strong>do</strong>s novos tempos. Gentes de<br />
Israel, apercebei-vos!” (POMBO, 1905, 178)<br />
Nesse ponto <strong>do</strong> livro, o narra<strong>do</strong>r já se tornou indispensável à existência de<br />
Fileto. O ser auto-suficiente que Fileto apresentava ser no início da narrativa se converte<br />
em um ser ansioso e dependente. Os valores morais e estéticos que embasavam a sua<br />
forma de vida estão ruin<strong>do</strong>. O <strong>texto</strong> que fecha o terceiro caderno, O Precursor,<br />
aproveitan<strong>do</strong> a analogia que o título sugere com a possibilidade <strong>do</strong> messias, aponta para<br />
o caderno que virá em seguida, chama<strong>do</strong> Era Nova (ANEXO 05).<br />
Esse caderno ainda estava sen<strong>do</strong> escrito quan<strong>do</strong> Fileto o promete ao narra<strong>do</strong>r.<br />
Disso, percebe-se que esse caderno não trará mais aquele mun<strong>do</strong> estrutura<strong>do</strong> nos <strong>do</strong>is<br />
primeiros cadernos e nem na maioria <strong>do</strong>s <strong>texto</strong>s de Minhas Criaturas. O quarto caderno<br />
é um estu<strong>do</strong> sobre o Evangelho.