dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - Uem
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não são leitores, tendo, no entanto, que ensinar a ler e a gostar <strong>de</strong> ler”. Muitas vezes, o<br />
professor novo, recém-chegado ou recém-formado com uma “proposta renovadora e<br />
inovadora”, <strong>de</strong>siste e a prática docente <strong>de</strong> língua resulta na repetição (<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />
tradicionais), na acomodação da situação vigente. Isso ocorre porque esse professor se<br />
encontra <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r da escola, por se basear apenas na convicção<br />
<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança, mas s<strong>em</strong> formação necessária para essa mudança. Para<br />
Silva (1983, p. 19), “Lutar contra as amarras do cotidiano, pela prática da reflexão e<br />
reflexão da prática, <strong>de</strong>veria se transformar <strong>em</strong> hábito para todos os educadores”, recémformados<br />
ou não.<br />
O mesmo autor (1983), <strong>em</strong> um artigo direcionado ao bibliotecário, que<br />
esten<strong>de</strong>mos ao professor, apresenta um posicionamento bastante interessante sobre a<br />
“noção <strong>de</strong> falta” <strong>em</strong> que esta é vista como benéfica, impulsionadora:<br />
s<strong>em</strong> essa noção as nossas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> auto-realização constante, <strong>de</strong><br />
criativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> novas responsabilida<strong>de</strong>s assumidas dificilmente viriam<br />
à tona; teríamos, então, a rotina, a mecanização, a estagnação e outros<br />
fenômenos alienadores permeando as nossas ativida<strong>de</strong>s (SILVA, 1983,<br />
p. 66).<br />
O probl<strong>em</strong>a está, então, naqueles que não têm essa noção <strong>de</strong> falta e se<br />
sent<strong>em</strong> os donos da verda<strong>de</strong>, como se soubess<strong>em</strong> tudo e não precisass<strong>em</strong> <strong>de</strong> atualização.<br />
Silva adverte-nos <strong>de</strong> que muitas vezes a noção <strong>de</strong> falta “ganha um caráter<br />
extr<strong>em</strong>amente frustrante, chegando a gerar apatia e falta <strong>de</strong> esperança” (i<strong>de</strong>m, p.67).<br />
Ele acrescenta que “a palavra <strong>de</strong> alerta: a práxis humana envolve s<strong>em</strong>pre dois<br />
el<strong>em</strong>entos fundamentais – reflexão e ação, teoria e prática” (op.cit). Isso é o que<br />
esperamos encontrar <strong>em</strong> nossas análises.<br />
Silva (1991), na obra O professor e o combate à alienação imposta,<br />
apresenta dois artigos nos quais t<strong>em</strong>atiza a coisificação e a <strong>de</strong>scoisificação do professor.<br />
Para o autor, coisificar o professor “significa triturar a sua consciência <strong>de</strong> modo a<br />
impedi-lo <strong>de</strong> exercer a prática da liberda<strong>de</strong>; significa, mais especificamente, afastar a<br />
sua possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luta por uma nova concepção <strong>de</strong> vida e do hom<strong>em</strong>” (p.21). Para<br />
<strong>de</strong>scoisificar o professor, alguns aspectos prioritários são apresentados pelo autor:<br />
- recuperação da dignida<strong>de</strong>: através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> atualização do<br />
conhecimento, não só do conhecimento psicopedagógico e do conteúdo<br />
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