rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
109<br />
vários edifícios comerciais nesta área.<br />
Vários centros de bairro passaram a receber funções antes restritas àquela área.<br />
Botafogo, Copacaba<strong>na</strong>, Ipanema, Tijuca, Méier, Madureira e a própria Barra<br />
constituíram-se em alter<strong>na</strong>tivas de localização para escritórios e grandes empresas,<br />
provocando um certo esvaziamento econômico do Centro 228 .<br />
Segundo alguns autores como Magalhães (2001), o “abandono” do centro principal<br />
apresenta diversas manifestações físicas, econômicas, sociais e, ideológicas, caracterizando<br />
um quadro de esvaziamento formado pelos seguintes elementos: local de emprego das classes<br />
altas; diversão, lazer e atividades culturais; local de compras e moradia; manutenção de<br />
edificações e logradouros; saída de investimentos fi<strong>na</strong>nceiros e a falência de empresas de<br />
grande porte que deixam a área; ocupação das ruas pelo comércio ambulante, mendigos e<br />
pernoite de trabalhadores mais pobres.<br />
Villaça (1998) problematiza o discurso de “abandono” dos centros pelas classes de<br />
maior poder aquisitivo como causa para os processos de “decadência” ou “deterioração” dos<br />
mesmos 229 . Para o autor tais noções constroem-se como instrumentos ideológicos presentes<br />
numa perspectiva domi<strong>na</strong>nte de ações sobre o Centro e, mascaram certas dinâmicas sociais<br />
voltadas às moradias e lazer de pobres urbanos, trabalho informal, etc. Logo, se para o<br />
discurso oficial há “decadência” e necessidade de revitalização, para outros há efervescências<br />
sociais e vitalidade.<br />
No decurso do Século XX, observamos grandes transformações <strong>na</strong>s formas de<br />
comércio <strong>na</strong>s <strong>cidade</strong>s, que implicaram novas <strong>centralidade</strong>s, novos espaços de<br />
reprodução da vida <strong>na</strong>s <strong>cidade</strong>s, uma nova paisagem urba<strong>na</strong>, novas relações sociais,<br />
enfim, novas condições de vida urba<strong>na</strong>. Essas mudanças foram nítidas, deixaram<br />
suas marcas no espaço, particularmente <strong>na</strong>s <strong>cidade</strong>s em que se viveu uma grande<br />
expansão econômica e populacio<strong>na</strong>l (PINTAUDI, 2006, p.213-4).<br />
A partir da década de 1940, a área central perde funções ligadas às atividades de<br />
comércio e serviços, com a distribuição destas para os subcentros, fruto do processo de<br />
metropolização. A saída das classes de maior renda para áreas mais afastadas do centro,<br />
assim como a procura por moradia <strong>na</strong> periferia pelas classes médias e baixas gerou mudanças<br />
228 MAGALHÃES, 2001, p.742.<br />
229 De igual modo Silveira (2004) expressa sua “preocupação com as maneiras de enunciação dos<br />
temas/problemas da <strong>cidade</strong>” <strong>na</strong> linguagem do urbanismo. “Identificamos, inicialmente, dois termos –<br />
“degradado” e “deteriorado” – que utilizamos diversas vezes no decorrer do nosso estudo, apresentando-os<br />
sempre entre aspas, ao nos referirmos aos trechos, áreas ou espaços das <strong>cidade</strong>s que perderam a sua qualidade<br />
ambiental, a qualidade de uso e ocupação, se comparados a outros trechos, e, que foram apropriados por<br />
segmentos sociais não hegemônicos. (...) Este seria o aspecto mais crucial, ao nosso ver, por incorporar<br />
nitidamente a concepção ideológica da domi<strong>na</strong>ção”(p.292).