rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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mobilidade espacial decorrente da difusão do automóvel” 3 . Este, adquirido pelas classes de<br />
renda alta, proporcionou “novas frentes de acessibilidade” e produziu um “novo espaço<br />
urbano” para as mesmas. Desta maneira, modificou-se o padrão de deslocamento <strong>na</strong>s<br />
metrópoles do país, estabelecendo-se uma nova mobilidade territorial que, em conjunto com o<br />
capital imobiliário, tor<strong>na</strong>m obsoletos os centros existentes e promovem novos centros, novas<br />
frentes imobiliárias 4 .<br />
As transformações do Centro principal, quanto à sua realidade física, geográfica,<br />
funcio<strong>na</strong>l e simbólica, se refletirão com a transposição para outras áreas da <strong>cidade</strong> da noção<br />
do que é central. Tal processo de descentralização significa “a expansão da <strong>cidade</strong><br />
transformada em metrópole (...) [conferindo] sentido à existência do Centro principal e dos<br />
sub-centros, resultado de uma determi<strong>na</strong>da forma de entender a <strong>cidade</strong> como contígua e<br />
interligada” 5 . Assim, a <strong>centralidade</strong> passa a não ser ape<strong>na</strong>s um atributo do lugar central,<br />
como já diziam os estudiosos da ecologia huma<strong>na</strong>.<br />
As mudanças que ocorrem <strong>na</strong> sociedade e nos elementos da <strong>centralidade</strong>, portanto,<br />
também refletirão no seu centro. Uma mudança <strong>na</strong>s estruturas de poder, mudanças<br />
de acessibilidade (introdução de novos meios de transporte, alterações nos meios já<br />
existentes ou mudanças no sistema viário), mudança <strong>na</strong> base produtiva ou alterações<br />
da relação de importância dos diversos elementos componentes do urbano ou<br />
elementos <strong>na</strong>turais de sua paisagem que atuam como forças de atração definindo<br />
<strong>centralidade</strong>s levarão às mudanças no centro da <strong>cidade</strong> (SANTOS, 2001, p.39).<br />
Segundo Tourinho (2006), o sistema de Centro/sub-centros - domi<strong>na</strong>nte até os anos de<br />
1980, e seus elementos, o Centro principal, o sub-centro e centro expandido 6 , “fazem parte de<br />
um mesmo sistema, ainda que não possuam a mesma abrangência territorial” 7 . Em tal<br />
sistema, esses elementos da estrutura urba<strong>na</strong><br />
se complementavam e se relacio<strong>na</strong>vam para criar uma teia de sustentação da<br />
estrutura urba<strong>na</strong> da <strong>cidade</strong> como um todo – onde Centro e sub-centros, com suas<br />
conexões e relações, garantiam a possibilidade de crescimento sustentado da<br />
metrópole a partir de um sistema hierarquizado de redes de interligação que davam<br />
sentido e ordem ao caos difuso da ‘mancha urba<strong>na</strong>’, facilitando os intercâmbios e a<br />
reprodução da força de trabalho (Ibid., p.290).<br />
3 Ibid., p.281.<br />
4 VILLAÇA, loc.cit.<br />
5 TOURINHO, 2006, p.283.<br />
6 Esta concepção da dinâmica urba<strong>na</strong> no Século XX faz parte de uma abordagem sistemática tradicio<strong>na</strong>l de<br />
produção de <strong>centralidade</strong> associada a uma determi<strong>na</strong>da forma física da <strong>cidade</strong> que era depositária dessa<br />
<strong>centralidade</strong>, o Centro urbano. Fazem parte desta concepção a estrutura do Sistema Monocêntrico e o Sistema<br />
Policêntrico tradicio<strong>na</strong>l, dos sub-centros (TOURINHO, 2006).<br />
7 Ibid., p.283.