rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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Assim, uma nova configuração da estrutura urba<strong>na</strong> surge nesse momento como<br />
“produto da economia de mercado levado ao extremo pelo capitalismo industrial” 106 , e nesse<br />
contexto, a Área Central passa a constituir um foco principal não ape<strong>na</strong>s da <strong>cidade</strong>, mas<br />
também da sua hinterlândia. Nela se concentram os termi<strong>na</strong>is de transportes inter-regio<strong>na</strong>is e<br />
intra-urbanos, próximos ao enorme mercado de trabalho que se forma a partir das principais<br />
atividades voltadas para o mundo exterior - comércio atacadista e depósitos, indústrias<br />
<strong>na</strong>scentes e em expansão, serviços auxiliares, gestão pública e privada 107 .<br />
A emergente Área Central passou a desfrutar assim, da máxima acessibilidade<br />
dentro do espaço urbano. (...) A concentração de atividades nesta área representa,<br />
pois, a maximização de exter<strong>na</strong>lidades, seja de acessibilidade, seja de aglomeração.<br />
Do ponto de vista do capital a Área Central constituía, <strong>na</strong> segunda metade do século<br />
XIX e ainda hoje, para muitas atividades, uma localização ótima, racio<strong>na</strong>l, que<br />
permitiria uma maximização dos lucros (CORRÊA, 2001, p.124).<br />
Segundo Frúgoli Júnior, “a <strong>cidade</strong> moder<strong>na</strong> passa a ser o espaço por excelência de<br />
uma constante interação entre grupos sociais, onde a diversidade e os conflitos sociais<br />
decorrentes se intensificam e ganham maior visibilidade e dramati<strong>cidade</strong>” 108 . Os espaços<br />
públicos centrais da <strong>cidade</strong> serão, portanto, os locais de ampliação e condensação dessa<br />
diversidade social e dos diferentes significados produzidos no “imaginário público gerado<br />
pela modernidade” 109 .<br />
Desta forma, no caso das <strong>centralidade</strong>s urba<strong>na</strong>s, o imaginário vivenciado nestes<br />
espaços representa a definição do que é central 110 para a sociedade (em termos econômicos,<br />
político-adminstrativos, sócio-culturais, históricos, etc.), segundo os grupos sociais<br />
domi<strong>na</strong>ntes 111 . Imbuídos deste imaginário, os processos sociais que envolvem as localizações<br />
centrais se realizam por meio da sua materialidade estrategicamente posicio<strong>na</strong>da <strong>na</strong> <strong>cidade</strong>.<br />
Materialidade social esta composta de intensa dinâmica, pois se transforma de acordo com as<br />
mudanças que este mesmo imaginário irá sofrer ao longo do tempo, levando o seu papel<br />
enquanto <strong>centralidade</strong> e sua posição dentro da metrópole a serem definidos e redefinidos em<br />
novos termos nos diferentes contextos urbanos.<br />
os trabalhos de Liberato (1976), Vaz & Silveira (1994) e Campos (1999).<br />
106 CORRÊA, op.cit., p.123.<br />
107 CORRÊA, 1999 ; 2001.<br />
108 FRÚGOLI JÚNIOR, 2006, p.20.<br />
109 Frúgoli faz referência neste debate à Lefébvre, H. O direito à <strong>cidade</strong>. São Paulo: Documentos, 1969.<br />
110 Questão também abordada por Tourinho (op.cit.).<br />
111 FRÚGOLI JÚNIOR, loc. cit.