rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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fundação, advindo do seu crescimento em conjunto com a mesma. O Centro é, portanto,<br />
reconhecido como o “único espaço central”. Segundo a autora:<br />
a <strong>cidade</strong>, como sistema regio<strong>na</strong>l, apresenta uma organização inter<strong>na</strong> hierarquizada e<br />
centralizada por um ponto focal, o ‘Central Business District’ (CBD), que aqui será<br />
chamado simplesmente de Centro Intra-Urbano (CIU). Isto se justifica pois o CBD<br />
tem sido ultimamente vinculado aos sistemas mais desenvolvidos, as metrópoles. O<br />
CIU, expressão genérica, abrange não somente o CBD Metropolitano, mas também<br />
as formas menos complexas, encontráveis em <strong>cidade</strong>s menores. [...] o CIU não é<br />
uma área homogênea. Há uma variação de tipos de utilização do solo e densidade de<br />
concentração de formas de utilização, que tem sido chamada ‘intensidade<br />
comercial’, que é particularmente notável no CBD Metropolitano, onde se observa<br />
verdadeiro zoneamento interno. A porção mais altamente concentrada do CBD<br />
Metropolitano, com maior ‘intensidade comercial’, é chamada por alguns de hard<br />
core e por outros de ‘área primária’, para distingui-las do restante – ‘área<br />
secundária’. Os atributos característicos do CBD Metropolitano decli<strong>na</strong>m em<br />
intensidade do hard core em direção ás margens que ao limites zo<strong>na</strong>is e não ape<strong>na</strong>s<br />
linhas divisórias estreitas. Note-se que essas zo<strong>na</strong>s limites não são permanentes<br />
(LIBERATO, op.cit., p.89/90).<br />
Segundo Tourinho, o Centro se fez com a <strong>cidade</strong>, “ele foi feito pela <strong>cidade</strong> e com a<br />
<strong>cidade</strong> como um todo, como resumo da concentração, quando isso era possível” 119 . No Rio de<br />
Janeiro, este processo se iniciou <strong>na</strong> primeira década do Século XIX, com a expansão urba<strong>na</strong><br />
causada pela chegada da família real e toda a Corte portuguesa, em 1808.<br />
Alterações urba<strong>na</strong>s de grandes proporções se realizaram devido à imposição de uma<br />
nova condição política do país – o Rio de Janeiro como capital do império, e também<br />
econômica com a abertura dos portos. Segundo Silveira (2004), “promoveu-se assim forte<br />
desenvolvimento comercial e urbano no Rio, reforçando a sua função portuária e sua condição<br />
de <strong>cidade</strong>-capital” 120 .<br />
Para adequar a <strong>cidade</strong> à nova situação realizaram-se muitos melhoramentos,<br />
construíram-se prédios adequados ao seu status de capital do império português e<br />
urbanizaram-se novas áreas aterradas <strong>na</strong> planície alagadiça. Com efeito, as<br />
transformações do espaço urbano carioca, desencadeadas com a vinda da família<br />
real, contribuíram sobremaneira para a radical mudança <strong>na</strong> configuração espacial da<br />
<strong>cidade</strong>, que começou a apresentar indícios de estratificação social. O expressivo<br />
acréscimo demográfico – constituído, em grande parte, de nobres e pessoas<br />
abastadas – foi responsável pela primeira crise habitacio<strong>na</strong>l da história da <strong>cidade</strong>.<br />
[...] No breve período de 1808 a 1822 – ano em que a Independência ratificou a<br />
superação do antigo status colonial –, acentuou-se a importância da <strong>cidade</strong> e de seu<br />
centro, o largo do Paço, onde se encontrava a sede da administração do governo dos<br />
territórios pertencentes a Portugal e que teve então reafirmado o seu papel de core.<br />
[...] [assim] até o início da terceira década do século XIX, a história da formação da<br />
área urba<strong>na</strong> da <strong>cidade</strong> coincidiu praticamente com a história da formação de sua área<br />
central e sua periferia imediata (SILVEIRA, op.cit., p.62-64).<br />
119 TOURINHO, op. cit., p..286.<br />
120 SILVEIRA, op.cit., p.62.