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rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ

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111<br />

Em meados do século XX se aprofunda <strong>na</strong> área central a “perda de suas características<br />

mais simbólicas como núcleo da formação sócio-espacial” 234 . Desde os fins do século<br />

retrasado tem se caracterizado a saída das elites sociais para os novos bairros mais afastados<br />

do centro. No Século XX este fenômeno é acentuado e, já em 1930, a <strong>cidade</strong> apresenta uma<br />

importante estratificação social. O padrão espacial de ocupação passa a consolidar a burguesia<br />

<strong>na</strong> Zo<strong>na</strong> Sul e Norte, e o proletariado nos subúrbios e <strong>na</strong> baixada. Em 1950, nota-se, ademais,<br />

um aumento da densidade populacio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> Zo<strong>na</strong> Sul 235 .<br />

No bojo do processo de descentralização das indústrias, comércio e serviços para os<br />

subúrbios e áreas nobres, respectivamente, há o constante incentivo por parte do poder<br />

público e dos setores privados para a diminuição do uso residencial do centro. Em meados da<br />

década de 1970 foi aprovado o decreto que, entre outras medidas, proibia a moradia <strong>na</strong> zo<strong>na</strong><br />

comercial, permitindo-a ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> sua zo<strong>na</strong> periférica 236 .<br />

Tais ações não realizaram a manutenção da complexidade social da área central do Rio<br />

de Janeiro, gerando sua desvalorização simbólica e patrimonial.<br />

Orientadas por diferentes discursos políticos conforme o período, as intervenções<br />

promovidas pelo Estado incluíram, por mais de 80 anos, uma ação pública<br />

recorrente: a de afastar o uso residencial e as populações de menor renda do centro.<br />

Viabilizadas mediante um discurso embasado no saneamento, embelezamento e<br />

modernização da <strong>cidade</strong>, estas e outras ações do poder público constituíram, <strong>na</strong><br />

prática, um meio de ‘depuração sócio-espacial’ (SILVEIRA, op.cit., p.71).<br />

Além do declínio em termos econômicos, o Distrito Federal perde a função de<br />

comando <strong>na</strong> área político-administrativa com a transferência da capital para Brasília, em 1960<br />

237<br />

. Segundo Silveira (op.cit.), “cabe lembrar o fato de o Rio de Janeiro ter sido capital por<br />

234 RABHA, op.cit., p.52.<br />

235 ABREU, 1987.<br />

236 “Na década de 1970, consolidou-se o zoneamento da <strong>cidade</strong> através do decreto 322, de 1976, que<br />

determinou, dentre outros pontos, o fim do uso residencial no Centro” (CARLOS, 2006).<br />

237 Neste período, segundo Rabha, “a <strong>cidade</strong> vivenciava um período muito particular, enfrentando a perda da<br />

posição de principal centro político e administrativo do país. Em 1967, ape<strong>na</strong>s sete anos eram decorridos da<br />

mudança oficial da capital, sendo ainda expressiva a presença do governo federal <strong>na</strong> área central, face ao caráter<br />

gradativo utilizado para a transferência das repartições e do funcio<strong>na</strong>lismo público do Rio para Brasília”(op.cit.,<br />

p.209). Segundo Silveira, respaldando-se em Lessa (2000), “devemos agregar, nesta descrição, características do<br />

panorama político que, entre outros processos, estimula a valorização do Rio como um espaço de produção<br />

cultural – um ‘laboratório de brasilidade’ - dos anos 1950 até o golpe de 1964, que desestruturou as bases sócioculturais<br />

desse conceito” (op.cit. p.98). Neste sentido para Rabha, “Se no país a situação indicava a necessidade<br />

de rígido controle, para o caso do Rio de Janeiro implicava lidar com questões mais complexas. Afi<strong>na</strong>l, a <strong>cidade</strong><br />

fora palco de fortes manifestações políticas que antecederam ao golpe de 64. Embora por direito já não mais<br />

fosse capital, o Rio continuava sendo ‘a caixa de ressonância dos problemas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is’, o ‘tambor’ do país. (...)<br />

Estas considerações reconheciam a capitalidade ainda exercida pelo Rio, ou seja, ‘sua função de representar a

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