rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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implementadas pelo poder público nessa área, estas têm alcançado áreas dotadas de infraestrutura<br />
e com maior valor para o mercado imobiliário, tendo pouca influência <strong>na</strong>s condições<br />
de acesso à moradia de baixa renda. No Centro, ao mesmo tempo em que novos condomínios<br />
surgem, edificações públicas e privadas são alvo de invasões pelo Movimento dos Sem Teto.<br />
Seguindo um padrão americano e europeu, as atuais intervenções em <strong>cidade</strong>s<br />
brasileiras têm se proposto a “recuperar qualidades ou funções que estariam sendo perdidas”,<br />
articulando “projetos de transformações das funções, do uso e do valor do solo”. No entanto,<br />
segundo alguns autores, os efeitos ligados à “gentrificação” 337 seriam inevitáveis, tanto por<br />
parte da demanda em sua busca por vantagens de mercado representada pelo setor imobiliário,<br />
quanto por parte da oferta representada pelo Poder Público “em acordo com o setor privado,<br />
para tor<strong>na</strong>r as <strong>cidade</strong>s competitivas, dotando os centros de características que o tor<strong>na</strong>riam<br />
atrativo para as classes média/alta, seja para moradia ou para consumo e lazer” 338 .<br />
Os investimentos particulares nos centros priorizam o retorno econômico ou a<br />
valorização da imagem institucio<strong>na</strong>l, por vezes ocupando prédios outrora públicos,<br />
transformando-os em locais de acesso restrito. Já os investimentos públicos, em<br />
especial os voltados ao turismo, findam por criar, ainda que a despeito de seus<br />
objetivos iniciais, representações falseadas de hábitos comunitários. São usos e<br />
ce<strong>na</strong>s “interpretados”, para os olhos dos passantes (MENEGUELLO, op.cit.).<br />
Segundo Smith (2006), o desenvolvimento imobiliário urbano, entendendo-o como a<br />
gentrificação atual em sentido amplo, tornou-se o motor central da expansão econômica da<br />
<strong>cidade</strong>. Logo, a reapropriação estratégica do espaço urbano revela-se nos investimentos feitos<br />
tanto pelo Poder Público federal e municipal <strong>na</strong>s áreas centrais, encarando-as como locais de<br />
“oportunidades para geração de atividades e receitas, assim como para a produção<br />
habitacio<strong>na</strong>l”, como pelos atores privados (inseridos no novo processo de globalização do<br />
capital).<br />
Para o autor, recentemente, os discursos públicos da “regeneração urba<strong>na</strong>” –<br />
claramente gentrificadores – misturariam a requalificação (ambiental, patrimonial e de<br />
atividades), o repovoamento, o aproveitamento de terrenos públicos junto às orlas marítimas<br />
337 “O próprio termo ‘gentrification’ foi criado para explicar o repovoamento (nesta altura espontâneo) de bairros<br />
desvalorizados de Londres por famílias de renda média, no início dos anos sessenta. (...) Smith nos conta que (...)<br />
a generalização da gentrificação, posterior aos anos noventa (...) deixa de ser uma anomalia local do mercado<br />
imobiliário de uma grande <strong>cidade</strong> para se desenvolver como um componente residencial específico de uma<br />
ampla reformulação econômica, social e política do espaço urbano. Essa renovação representa a gentrificação da<br />
<strong>cidade</strong> como uma conquista altamente integrada do espaço urbano, <strong>na</strong> qual o componente residencial não pode<br />
ser dissociado das transformações das paisagens do emprego, do lazer e do consumo” (Silva, Hele<strong>na</strong>. M. B.<br />
Apresentação. In C.Bidou-Zachariasen, op.cit., pp.7-19).<br />
338 Ibid.