rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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Este enfoque compartilha com a visão estruturalista de Louis Althusser 209 , cujo Estado<br />
não é sujeito dotado de vontade, e sim um conjunto de aparatos ideológicos e aparelhos<br />
repressivos que realizam o interesse da classe domi<strong>na</strong>nte. O Estado é visto, então, como<br />
Estado de classe.<br />
Segundo Topalov, a intervenção do Estado é necessária devido à “contradição geral da<br />
urbanização capitalista” que se dá <strong>na</strong> busca pelo lucro privado que leva, por sua vez, o capital<br />
a não produzir certos elementos urbanos necessários à reprodução das forças produtivas, ou<br />
seja, a dificultar a articulação no espaço das infra-estruturas, dos lugares de produção e dos<br />
lugares de reprodução da mão-de-obra.<br />
Assim, a <strong>cidade</strong> é reconhecida como um sistema espacializado de elementos que<br />
definem a forma de socialização capitalista das forças produtivas. Esse sistema espacial<br />
constitui um valor de uso complexo para o capital <strong>na</strong> medida em que concentra as condições<br />
gerais da produção capitalista (produção e circulação do capital e reprodução da força de<br />
trabalho, ou seja, consumo). Esses valores-de-uso complexos são chamados de efeitos úteis de<br />
aglomeração, já mencio<strong>na</strong>dos anteriormente.<br />
No entanto, a urbanização capitalista se caracteriza por uma multidão de processos<br />
privados de apropriação do espaço, sendo eles determi<strong>na</strong>dos pelas próprias regras de<br />
valorização de cada capital particular. Logo, há uma contradição entre o movimento de<br />
socialização capitalista das forças produtivas e as próprias relações de produção capitalista.<br />
Para a<strong>na</strong>lisar o processo de urbanização, o autor considera o conjunto da produção capitalista,<br />
ou seja, a formação e a reprodução ampliada das condições gerais da produção (produção,<br />
circulação e consumo). Tais condições gerais visam a busca da mais-valia relativa através das<br />
novas forças produtivas, materializando-se no espaço urbano. Logo, Topalov defende a idéia<br />
da urbanização como forma de socialização das forças produtivas.<br />
A análise de Topalov é importante; afi<strong>na</strong>l, ela revela como o Estado passou a ser o<br />
agente socializador das forças produtivas, e utilizou-se do seu instrumento de planejamento<br />
para fazê-lo. No entanto, há uma dicotomia inerente à urbanização capitalista que se expressa<br />
<strong>na</strong> contradição entre a reprodução da força de trabalho (que é vista como mercadoria) e a<br />
reprodução social.<br />
No processo produtivo que visa à acumulação de capital é necessário à atenção ao<br />
trabalhador e à sua reprodução social. No entanto, os gastos dessa reprodução não se<br />
209 A abordagem teórico-filosófica de Luis Althusser sobre o Estado se baseia numa perspectiva estruturalista<br />
da obra de Marx como crítica ao humanismo marxista de Henri Lefebvre e Jean Sartre. O Estruturalismo<br />
pertence à tradição filosófica francesa e sua visão não admite qualquer subjetividade, logo, as estruturas são a<br />
base para a compreensão da sociedade. Ver Carnoy, 1986.