rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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1980, como movimento da sociedade junto ao poder público, pleiteando a<br />
implementação do instrumento de proteção do ambiente cultural. A partir dos anos<br />
1990 emerge, no âmago da Prefeitura, de maneira negociada, a incorporação de<br />
reivindicações com a penetração de grupos ligados às questões sociais e culturais.<br />
Nesse contexto, muda o programa arquitetônico do museu e a cultura veio para o<br />
Centro de Negócios (a exemplo do Centro Cultural do Banco do Brasil - CCBB) e<br />
para a sua periferia imediata (SILVEIRA, op.cit., p. 305).<br />
2.2. DE CENTRO DA METRÓPOLE INDUSTRIAL AO CENTRO DA METRÓPOLE NO<br />
CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO<br />
Com o fim da segunda guerra mundial e, sobretudo, a partir do governo Kubitschek<br />
(1956-61), instala-se nova etapa da inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização da economia brasileira baseada <strong>na</strong><br />
aceleração ou consolidação de uma “industrialização propriamente dita”. Estabelecem-se,<br />
então, os elementos básicos de uma sociedade capitalista (forças produtivas, relações sociais<br />
de produção e uma dinâmica de acumulação de capital especificamente capitalista) 207 .<br />
Parte-se do entendimento da relação entre capital, Estado e urbano, a partir de<br />
contribuições da corrente de pensamento 208 que considera a organização da <strong>cidade</strong> como<br />
resultado dos processos de uma urbanização capitalista, tida a partir de uma política<br />
promovida pelo Estado, e não como uma realidade dada. Nas contribuições de Topalov<br />
(1979), o autor aborda o Estado como um sujeito racio<strong>na</strong>l que persegue o interesse público,<br />
sendo o planejamento urbano e os serviços públicos os instrumentos da sua intervenção<br />
racio<strong>na</strong>l.<br />
207 CARDOSO DE MELLO, J.M. “O Estado brasileiro e os limites da estatização”. Ensaios de Opinião, nº2-3,<br />
1977, p.16. João Manuel parte de uma alter<strong>na</strong>tiva conceitual às teorias do capitalismo monopolista de Estado.<br />
Cf. também TEIXEIRA, A. Capitalismo monopolista de Estado: um ponto de vista crítico. Revista de Economia<br />
Política, Vol.3, nº4, out.-dez. 1983.<br />
Como exemplo de adeptos às teorias está Oliveira (1982), que aponta que no período a instalação do capitalismo<br />
monopolista no Brasil. Para o autor, ocorre o processo descrito por Celso Furtado de “socialização das perdas e<br />
privatização dos lucros” no âmbito da redefinição da divisão inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do trabalho. O Estado realizaria a<br />
centralização de capitais, revelando a passagem da economia brasileira de uma etapa concorrencial para uma<br />
etapa monopolista. Dias (2005) baseia sua discussão a respeito de uma maior intervenção estatal que emerge<br />
com o capitalismo monopolista em Corrêa (2002) e Soja (1993), sendo que este último se concentra nos efeitos<br />
que esta maior ação do Estado implica sobre a urbanização das <strong>cidade</strong>s capitalistas em países centrais como os<br />
Estados Unidos. Segundo o autor, “a substituição do capital concorrencial pelo capital monopolista e/ou<br />
oligopolista repercute <strong>na</strong> organização das <strong>cidade</strong>s a partir do momento em que estes capitais, representados por<br />
um número bem mais restrito de ‘atores do jogo econômico’, adquirem maior facilidade em repassar ao Estado<br />
parte dos encargos necessários para a reprodução das relações de produção” (p.12). C.f. também MOURA,<br />
Antônio Plínio Pires de. Brasil Industrial: do capitalismo retardatário à inserção subordi<strong>na</strong>da no mundo<br />
neocolonial. Revista Bahia Análise & Dados. Bahia, v.11, n.3, p.82-89, dez. 2001. Moura entende a estrutura<br />
industrial monopolista, como a centrada numa associação do Estado privatizado com o grande capital <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e<br />
estrangeiro, resultando numa nítida inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização da estrutura produtiva brasileira.<br />
208 Corrente de pensamento apresentada como uma nova sociologia urba<strong>na</strong> francesa no debate intelectual da<br />
década de 1970, inserida <strong>na</strong> Teoria do Capitalismo Monopolista de Estado, que visa um exercício de reinterpretação<br />
das teorias sobre o capitalismo.