05.03.2014 Views

rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ

rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ

rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

83<br />

No início do Século XX, o modelo de embelezamento e saneamento é posto em<br />

prática no Brasil, primeiramente <strong>na</strong> <strong>cidade</strong> do Rio de Janeiro e depois em São Paulo. Quanto<br />

ao papel da <strong>centralidade</strong>, é importante destacar que os “centros se revelavam como lugares<br />

privilegiados para as intervenções, sempre no sentido de viabilizar o avanço do capital<br />

imobiliário e industrial” 177 . Até esse momento, a área central era o espaço mais valorizado da<br />

<strong>cidade</strong>, e tal posição refletia a sua função (urba<strong>na</strong>) de orientar a evolução da estrutura da<br />

<strong>cidade</strong>. Segundo Rabha (2006), “ainda assim persistia uma organização espacial que gravitava<br />

ao redor de seu centro histórico, simbólico e de negócios”. Desta forma, as transformações<br />

pelas quais passou o centro expressavam o novo momento da organização social, no contexto<br />

carioca, <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

Segundo Rodrigues, a articulação de forças (no âmbito fi<strong>na</strong>nceiro e administrativo) se<br />

deu também inter<strong>na</strong>mente ao Poder Público. O remodelamento da capital e do seu centro foi<br />

fruto, portanto, da união entre Governo federal e municipal, cujo propósito era “tor<strong>na</strong>r a<br />

capital fi<strong>na</strong>lmente uma <strong>cidade</strong> cosmopolita, pronta a favorecer os investimentos estrangeiros e<br />

os novos setores burgueses emergentes com a República” 178 .<br />

No Rio, então Capital Federal, o presidente Rodrigues Alves incumbia ao Prefeito<br />

Pereira Passos de promover programas e projetos de intervenção, <strong>na</strong> busca por uma<br />

nova imagem para o país [...] o centro carioca, portanto, passaria a ser o local<br />

privilegiado das intervenções gover<strong>na</strong>mentais e território de implementação do<br />

modelo viabilizador das novas práticas econômicas e urbanísticas. As imagens<br />

perseguidas buscavam torná-lo atrativo, belo, moderno e funcio<strong>na</strong>l; conduziu-se<br />

fartas demolições de edificações insalubres assim como inúmeras outras obras de<br />

“embelezamento”. Implantava-se desde programas de saúde pública, comandados<br />

por Oswaldo Cruz, até inúmeras obras públicas de porte. Os bairros da área portuária<br />

foram palco da famosa revolta da vaci<strong>na</strong> e o tecido do centro foi rasgado pela<br />

construção da larga e elegante avenida central, ladeado por prédios que <strong>na</strong>da iriam<br />

dever a seus pares europeus. Construiu-se um novo porto, áreas e armazéns de<br />

apoio, prontos para a importação e a exportação de um crescente mercado<br />

inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lizado e competitivo (DEL RIO, op.cit., p.56).<br />

Destaca-se, portanto, o caráter elitista da modernização do centro. De outra forma: a<br />

“nova” <strong>cidade</strong> não desejava conviver com a “velha”. A remodelação da área central expulsava<br />

os pobres do espaço público e transformava a rua em “espetáculo”. Contribuíram para este<br />

processo a hierarquização dos espaços públicos por meio do controle urbanístico rígido em<br />

torno da construção civil e das “velhas usanças” 179 , e os avanços tecnológicos que construíram<br />

177 DEL RIO, op.cit., p.55.<br />

178 RODRIGUES, op.cit., p.41.<br />

179 RODRIGUES, op.cit. Segundo Rabha (2006), “Não é ainda possível esquecer os atos administrativos<br />

baixados pela Prefeitura que incluíam um rígido esquema de novas posturas urba<strong>na</strong>s. Assim, passava a ser<br />

proibida a circulação <strong>na</strong> <strong>cidade</strong> de pessoas descalças e sem camisa, a permanência de cães ou o passeio de vacas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!