rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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a Paris do Século XIX trazida por Frúgoli Júnior - cortada por boulevares e resignificada por<br />
meio de valores atribuídos por “alianças estratégicas entre o poder público e setores do capital<br />
– incluindo o favorecimento da especulação imobiliária e do capital fi<strong>na</strong>nceiro” 144<br />
A “mercadorização” da <strong>cidade</strong> em sua totalidade se consolidou sob a égide do<br />
capitalismo concorrencial, e se expressa <strong>na</strong> prevalência do valor de troca atribuído as<br />
atividades que se realizam por meio da materialidade dos espaços físicos. Atualmente, a<br />
dimensão fi<strong>na</strong>nceira se impõe <strong>na</strong> negociação dos lugares como mercadoria, refletindo em<br />
alguns casos uma “nova articulação entre as frações de capital - o fi<strong>na</strong>nceiro, o industrial e o<br />
comercial através do setor imobiliário” 145 .<br />
Tais reflexões trazem contribuições importantes para a compreensão da dinâmica<br />
metropolita<strong>na</strong> carioca e da sua área central no momento atual, pois se observam novas formas<br />
de reprodução de capital por meio da reprodução do espaço. Segundo Colombiano (2005), a<br />
“valorização das áreas centrais surge, então, como um ícone da atualidade, permitindo<br />
novamente a apropriação dessas áreas pelo capital” 146 .<br />
São atores deste processo, em primeiro lugar, o mercado imobiliário, com as grandes<br />
incorporadoras, firmas de engenharia e arquitetura predial, que lucram com a construção ou<br />
“retrofit” 147 e comercialização de salas ou mesmo edifícios inteiros – os chamados<br />
“inteligentes” ou pós-modernos. Há também o investimento em empreendimentos<br />
imobiliários residenciais, “ilumi<strong>na</strong>dos” no que se refere ao discurso da reversão da decadência<br />
do centro.<br />
Além destes, há os investimentos efetuados pelo poder público em parceria com o<br />
setor privado <strong>na</strong> implantação de projetos de preservação, “revitalitação” e/ou “requalificação”<br />
urbano-culturais. Os ambientes preservados ou reconvertidos em espaços de lazer e<br />
entretenimento ligados à cultura, e que se convertem em espaços de consumo turísticocultural,<br />
passam a se constituir em lugares a serem negociados, seja através do turismo, seja<br />
através da criação de inúmeros centros culturais (SILVEIRA, 2004).<br />
Portanto, além dos novos usos ligados ao turismo cultural (visitas às bibliotecas,<br />
espaços e centros culturais e religiosos, exposições, etc.), são apontados os novos<br />
144 FRÚGOLI JÚNIOR, op.cit., p.19.<br />
145 CARLOS, 2005, p.32.<br />
146 COLOMBIANO, op.cit., p.76.<br />
147 Termo que desig<strong>na</strong> uma modernização predial completa dos equipamentos e instalações (automação, linhas<br />
de fibra ótica, etc.) mantendo a estrutura exter<strong>na</strong>, como características históricas contidas <strong>na</strong> fachada, sacadas,<br />
piso, etc.