rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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delimitada “grosso modo pelos morros do Castelo e de Santo Antônio, ao sul, e de São Bento<br />
e Conceição, ao norte”, permanecendo tal limite por longo período.<br />
Na primeira metade do século XVIII, o Rio de Janeiro experimentou importante<br />
surto econômico e comercial, provocado pela descoberta de ouro <strong>na</strong> região das<br />
Gerais <strong>na</strong> última década do século XVII. A <strong>cidade</strong> foi extremamente favorecida por<br />
sua localização geográfica, estratégica para a ligação com as Mi<strong>na</strong>s Gerais. Esta<br />
característica de <strong>centralidade</strong> regio<strong>na</strong>l foi reforçada com o desenvolvimento de<br />
acessos inter e intra-urbanos. O porto do Rio, que até então escoava a discreta<br />
produção açucareira do recôncavo da baía da Gua<strong>na</strong>bara, tornou-se o exportador<br />
<strong>na</strong>tural do ouro e diamantes extraídos nos distritos mineradores e a porta de entrada<br />
de gêneros alimentícios, tecidos e escravos demandados pelas Gerais (SILVEIRA,<br />
op.cit., p.60).<br />
Entre o início e meados do Século XVIII a <strong>cidade</strong> expandiu seu contingente<br />
populacio<strong>na</strong>l e sua malha urba<strong>na</strong>, promovendo um adensamento da população. No contexto<br />
de decadência da mineração, o Rio de Janeiro tor<strong>na</strong>-se, em 1763, capital da colônia e sede do<br />
vice-rei<strong>na</strong>do, ampliando novamente as suas “funções urba<strong>na</strong>s (...) em virtude, exatamente, das<br />
[suas] novas atribuições político–administrativas” 165 .<br />
Até o fim do Século XVIII, a <strong>cidade</strong> permanece em seu processo de expansão para<br />
além do quadrilátero origi<strong>na</strong>l, destacando novas áreas residenciais e de circulação, como o<br />
Passeio Público, assim como usos especializados no centro da <strong>cidade</strong> (rua Direita), o que<br />
exigiu o deslocamento de “usos sujos” (hospital, mercado de compra e venda de escravos,<br />
depósitos, cemitério e presídio) para a periferia, <strong>na</strong>s proximidades da Prainha. Com a<br />
expansão, a periferia imediata da <strong>cidade</strong> passa a ser constituída ao sul pelos bairros da Lapa e<br />
da Glória até o largo das Pitangueiras (hoje largo do Machado), e ao norte pelos atuais bairros<br />
da Saúde e Gamboa 166 . Neste contexto de transformações tem-se a afirmação de uma<br />
importante <strong>centralidade</strong> <strong>na</strong> <strong>cidade</strong>.<br />
As últimas décadas do século XVIII foram cruciais para o fortalecimento do largo<br />
do Paço, constituído após um longo processo encetado quando a <strong>cidade</strong> começara a<br />
se espraiar pela várzea contígua ao morro do Castelo. Assim, esse largo afirmava o<br />
seu papel de core da <strong>cidade</strong>, uma vez que abrigava edificações gover<strong>na</strong>mentais,<br />
como o Palácio dos Vice-Reis, marcos de poder e elementos instauradores de<br />
<strong>centralidade</strong>. (...) Ao encerrar o século XVIII, o Rio de Janeiro já era a <strong>cidade</strong> mais<br />
populosa e principal centro urbano, comercial e militar da colônia (Ibid., p. 60-61).<br />
165 Ibid., p.60.<br />
166 SILVEIRA, loc.cit.