rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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prédios monumentais. Do Plano, saíram as avenidas Antônio Carlos, Nilo Peçanha e<br />
Graça Aranha. As ruas adjacentes, conseqüentes do aterro, foram muito alteradas.<br />
Vale lembrar que o Plano Agache foi interrompido com a Revolução de 1930, só<br />
sendo retomado, parcialmente, entre 1937 e 1945 (BARROS, op.cit., p.7).<br />
Segundo Abreu (1987), o Plano Agache se caracterizava como um plano urbanístico<br />
para moldar o crescimento urbano; no entanto, sua função política se baseava numa<br />
intervenção do Estado sobre o “processo de reprodução da força de trabalho urba<strong>na</strong>”,<br />
acirrando a clivagem social. “Surge então o Plano Agache, cuja característica maior é a<br />
oficialização da separação das classes sociais no espaço: ricos para um lado; pobres para<br />
outro. Para as favelas também não havia opção: teriam que ser erradicadas” 190 .<br />
No período Vargas (1930-1950), o planejamento urbano esteve inserido no contexto<br />
de uma revolução burguesa e <strong>na</strong> afirmação de uma elite industrial que procurava criar signos<br />
que a destacasse. Logo foi formulada uma reforma urba<strong>na</strong> criadora de “espaços da burguesia”,<br />
espaços de reconhecimento e consumo. Num momento de vigorosa expansão urba<strong>na</strong> e<br />
crescimento demográfico, próprios do processo de urbanização acelerada aliada à perspectivas<br />
futuras de industrialização, surgiram propostas de transformações radicais <strong>na</strong> estrutura das<br />
<strong>cidade</strong>s, principalmente no sistema viário de forma a promover a circulação de pessoas e<br />
mercadorias. Têm-se então o surgimento da metrópole carioca e novas referências de<br />
<strong>centralidade</strong> – novos bairros, novos centros.<br />
Como já apontado, a área central do Rio de Janeiro foi ao longo do tempo sendo<br />
configurada pela lógica da aglomeração - de pessoas, de comunicação, do mercado de<br />
trabalho, de bens, de capital, etc. No entanto, à medida que a infra-estrutura se desenvolveu<br />
em locais mais distantes do core, dando acesso aos novos públicos consumidores das<br />
atividades ligadas ao comércio e serviços, a <strong>cidade</strong> do Rio de Janeiro se transformou “numa<br />
<strong>cidade</strong> polinuclear, onde, ao lado de um núcleo principal – a Área Central de Negócios –,<br />
outros núcleos se desenvolvem” 191 .<br />
Segundo Ribeiro & Cardoso (1996), o planejamento urbano no período Vargas se<br />
caracteriza pelo padrão higiênico-funcio<strong>na</strong>l. Para os autores, “de forma geral, esse padrão<br />
reproduz o discurso higienista e urbanístico produzido nos países centrais desde o fi<strong>na</strong>l do<br />
Século XIX” 192 e apóia-se <strong>na</strong>s categorias do organicismo ou do funcio<strong>na</strong>lismo taylorista,<br />
tendo como características fundamentais: a concepção organicista <strong>na</strong> formulação do<br />
190 ABREU, op.cit., p.143.<br />
191 DUARTE, 1974, p.59. O tema referente aos subcentros <strong>na</strong> metrópole carioca será retor<strong>na</strong>do mais à diante<br />
no texto.<br />
192 RIBEIRO; CARDOSO, op.cit., p. 64.