rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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Santos (1959), em sua obra clássica sobre o centro da <strong>cidade</strong> de Salvador, expressa a<br />
sua organização espacial como uma paisagem-síntese, cujos componentes “refletem,<br />
sobretudo, as necessidades e condições próprias a cada etapa da evolução urba<strong>na</strong>”. Ele<br />
“constitui uma verdadeira síntese, pois reflete, ao mesmo tempo, as formas atuais da vida da<br />
região e da <strong>cidade</strong> e o passado, seja pela evolução histórica da <strong>cidade</strong> e da região, seja pelo<br />
sítio escolhido inicialmente para instalar o organismo urbano” 96 .<br />
Sua síntese se manifesta, portanto, pela paisagem reveladora da “luta de tendências” já<br />
mencio<strong>na</strong>das – a luta entre as forças de transformação e as forças de inércia. Para Santos essa<br />
relação dialética ou “mecanismo de forças interdependentes” caracteriza as formas<br />
particulares de organização dos centros das <strong>cidade</strong>s, refletindo-os como organismos sujeitos a<br />
um processo permanente de mudança.<br />
Assim, “as forças de transformação e as forças de resistência entram em luta e dão,<br />
como resultado, seja a criação de uma paisagem inteiramente nova, seja a transformação ou<br />
adaptação da paisagem antiga que, então, se degrada” 97 . As primeiras representam o<br />
di<strong>na</strong>mismo atual, as funções urba<strong>na</strong>s e regio<strong>na</strong>is, os processos de urbanismos; já as segundas<br />
são representadas pelos fatores passivos e de resistência oferecidas pelas estruturas provindas<br />
do passado como o sítio e objetos urbanos históricos.<br />
A intenção deste item da pesquisa foi apresentar um quadro teórico concernente aos<br />
processos de estruturação urba<strong>na</strong> e às noções de centro e <strong>centralidade</strong> que, ao fim e ao cabo,<br />
permitem melhor compreensão dos processos sócio-espaciais que envolvem a dinâmica<br />
recente da <strong>cidade</strong> do Rio de Janeiro.<br />
1.3. (RE)DEFININDO A CENTRALIDADE: FORMAÇÃO, PROCESSOS ESPACIAIS<br />
E DINÂMICA RECENTE<br />
O contexto histórico-social dos Séculos XVIII/XIX iniciado pelo advento da<br />
Revolução Industrial trouxe à to<strong>na</strong> significativas transformações sociais. A demanda por uma<br />
concentração espacial cada vez mais intensa de atividades, de forças produtivas e mercados<br />
consumidores, que acabou promovendo a cooperação urba<strong>na</strong> e o crescimento das <strong>cidade</strong>s,<br />
96 SANTOS, 1959, p.22-23.<br />
97 Ibid., p.24.