rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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Como já mencio<strong>na</strong>do no capítulo anterior, a expansão urba<strong>na</strong> proveniente da chegada<br />
da família real e da transferência de toda a Corte portuguesa, no início do Século XIX, mudou<br />
as feições históricas da <strong>cidade</strong> e refletiu a sua nova condição política de capital do Império<br />
português. Neste contexto, o centro da <strong>cidade</strong> tem o seu papel reafirmado com a função<br />
administrativa.<br />
O impacto sócio-espacial causado pelo aumento demográfico e necessidade de áreas<br />
para moradia da nobreza se expressou em novos aterros <strong>na</strong> área central e <strong>na</strong> expulsão dos<br />
antigos habitantes que foram forçados a sublocarem suas casas ou se deslocarem para áreas<br />
mais afastadas 167 .<br />
Desta forma, devido à crise habitacio<strong>na</strong>l surgida, as classes mais pobres foram se<br />
deslocando em direção à periferia do centro, num vetor norte e oeste onde antes já havia<br />
chácaras. No vetor sul, “sobre a estreita faixa de terra entre os morros e o mar”, tem-se a<br />
“formação de bairros residenciais” 168 . Na área do aterro do mangal de São Diogo, formou-se o<br />
antigo arraial de São Cristóvão, “que em pouco tempo tornou-se local de moradia de famílias<br />
ricas. Na área aterrada a partir do Campo de Santa<strong>na</strong>, denomi<strong>na</strong>da mais tarde de ‘Cidade<br />
Nova’, foram abertas algumas ruas, ainda <strong>na</strong>s primeiras décadas do século XIX” 169 .<br />
Concomitante ao processo de expansão urba<strong>na</strong> há também um movimento de adensamento <strong>na</strong><br />
área do antigo casario do centro colonial e <strong>na</strong>s demais áreas desocupadas junto ao núcleo<br />
inicial da <strong>cidade</strong>, com a formação de bairros residenciais de população mais abastada. Outro<br />
fato digno de menção é o processo de perda da função residencial em certos trechos do<br />
centro, “notadamente no largo do Paço e arredores, onde antigas moradias passam a abrigar<br />
‘cafés, bilhares e hotéis’” 170 .<br />
Ao longo do tempo, o Rio de Janeiro deslocou sua direção de expansão, em função<br />
de dos interesses das classes mais abastadas, deslocando também a direção de<br />
expansão do seu centro. Se o primeiro sentido de crescimento da <strong>cidade</strong> foi o da orla<br />
do mar, no início do século XIX houve uma mudança nessa direção, voltando-se a<br />
<strong>cidade</strong> para o interior e sua nova <strong>centralidade</strong> passando a desenvolver-se em torno<br />
do Campo de Santa<strong>na</strong>. No fi<strong>na</strong>l do século XIX, deu-se o terceiro deslocamento do<br />
eixo de crescimento da área central do Rio, restaurando-se o eixo norte-sul<br />
(MAGALHÃES, 2001, p.741).<br />
167 Ibid., p.62.<br />
168 Ibid., p.65.<br />
169 Ibid., p.63.<br />
170 Ibid., p.64.