rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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Na zo<strong>na</strong> central da <strong>cidade</strong>, onde se localizavam as “primeiras freguesias ou paróquias<br />
da <strong>cidade</strong>”, ocorre a diminuição do número de prédios em conseqüência da sua especialização<br />
como zo<strong>na</strong> comercial e da realização de obras de renovação do espaço construído: desmonte<br />
do Morro do Castelo, arrasamento do Morro do Se<strong>na</strong>do, aterro do Calabouço, retificação da<br />
Gamboa e alargamento das ruas da <strong>cidade</strong> velha.<br />
A respeito das intervenções no espaço central, verificou-se uma nova ordem urba<strong>na</strong> se<br />
impondo de fato, pois, “com o desmonte do berço histórico da <strong>cidade</strong>, praticamente<br />
desapareciam todos os marcos da fundação do Rio e do seu primeiro século de existência,<br />
além de uma tradicio<strong>na</strong>l área residencial (...) desde o século XVI” 186 . Segundo Rabha (2006),<br />
“a decisão de atacar o Morro do Castelo iria auxiliar ainda mais a diminuição do uso<br />
residencial pouco qualificado, caracterizando assim o processo de depuração de usos e classes<br />
sociais que deveriam estar no centro da <strong>cidade</strong>” 187 .<br />
Uma análise mais detalhada do crescimento predial no Centro mostra dois eixos de<br />
crescimento: a Zo<strong>na</strong> Comercial Central (Candelária, Sacramento, Santo Antônio, São José,<br />
Santa Rita) e a Zo<strong>na</strong> Industrial Central (Sant’an<strong>na</strong>, Gamboa e São Cristóvão). Podemos citar<br />
outras formas de diferenciação de áreas que vieram a ser implantadas, como a criação de<br />
Regiões Administrativas (RA’s), Áreas de Planejamento (AP’s) e Bairros, que podem ser<br />
atribuídas a função de planejamento e de estudos mais especializados 188 .<br />
A Espla<strong>na</strong>da do Castelo, resultado do desmonte do Morro do Castelo, é um exemplo<br />
dos parâmetros urbanísticos contidos no zoneamento da <strong>cidade</strong> do Rio de Janeiro estabelecido<br />
pelo Plano de Remodelação, Extensão e Embelezamento da Cidade, conhecido<br />
posteriormente como Plano Agache 189 .<br />
Pelo Plano Agache a área do Castelo se transformaria no Centro de Negócios da<br />
Cidade do Rio de Janeiro. O projeto previa a construção de largas avenidas e de<br />
186 SILVEIRA, op.cit., p.69.<br />
187 RABHA, op.cit., p.122.<br />
188 Segundo Silveira (2004), “O primeiro reconhecimento institucio<strong>na</strong>l da distribuição diferenciada das funções<br />
<strong>na</strong> <strong>cidade</strong> ocorreu em 1925, quando foi estabelecido o primeiro zoneamento de usos. Nessa ocasião o Distrito<br />
Federal teve o seu espaço orde<strong>na</strong>do por meio de uma divisão em quatro zo<strong>na</strong>s: Primeira, ou Central; Segunda ou<br />
Urba<strong>na</strong>; Terceira ou Suburba<strong>na</strong>; e Quarta ou Rural. A organização do espaço urbano em classes sociais e usos<br />
distintos seria institucio<strong>na</strong>lizada posteriormente, e por diversas vezes, sempre que a administração municipal<br />
considerou imperativo elaborar legislações urbanísticas mais complexas”(p.69). Assim, também são apontados<br />
por Rabha (2006) os decretos correspondentes à divisão administrativa em vigor “(decretos n° 6.985, de 7 de<br />
maio de 1941 e 8.223, de 11 de setembro de 1945)”, e ao “zoneamento de usos e atividades, que estabelecia os<br />
parâmetros da chamada Zo<strong>na</strong> Comercial (decreto n° 6.000, de 01 de julho de 1937, título II, secção I, artigo 4º)”.<br />
Segundo a autora, “o decreto n° 6.000 estabelecia o zoneamento do Distrito Federal dividindo-o <strong>na</strong>s seguintes<br />
zo<strong>na</strong>s: Comercial (ZC), Portuária (ZP), Industrial (ZI), Residencial (ZR), Rural e Agrícola (ZA). Era ainda<br />
indicada uma subzo<strong>na</strong> especial (ZE) correspondendo a Espla<strong>na</strong>da do Castelo, objeto de plano de ocupação <strong>na</strong><br />
área central” (p.210).<br />
189 BARROS, passim.