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rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ

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Segundo Abreu (1987), essas mudanças <strong>na</strong> configuração do centro refletem uma<br />

segregação espacial em formação advinda de uma tênue diferenciação social entres ricos e<br />

pobres que se instala <strong>na</strong>s cinco freguesias urba<strong>na</strong>s (Candelária, São José, Sacramento, Santa<br />

Rita e Santa<strong>na</strong>), equivalentes às atuais Regiões Administrativas do Centro (II RA) e Portuária<br />

(I RA). As classes pobres,<br />

devido às suas restrições de mobilidade, concentravam-se sobretudo <strong>na</strong>s freguesias<br />

de Santa Rita e Santa<strong>na</strong> (atuais bairros da Saúde, Santo Cristo e Gamboa). (...) Desse<br />

modo, os usos e classes sociais, aglomerados <strong>na</strong> <strong>cidade</strong> colonial, começavam a<br />

segregar-se, a princípio de forma gradual e a partir de meados do século XIX,<br />

sobretudo após 1870, de maneira cada vez mais acelerada (SILVEIRA, op.cit.,<br />

p.64).<br />

A década de 1830 marca a posição da <strong>cidade</strong> do Rio de Janeiro no movimento mundial<br />

de expansão do capital 171 . Intensificam-se a importação das relações tipicamente capitalistas<br />

de produção, graças à produção cafeeira, que se firmava como principal produto de<br />

exportação do Brasil. Neste sentido, as atividades portuárias passam a se destacar <strong>na</strong><br />

economia carioca 172 .<br />

O cenário capitalista mundial passa então a influenciar paulati<strong>na</strong>mente a configuração<br />

sócio-espacial brasileira e, por conseguinte a promover mudanças no espaço urbano carioca,<br />

ditando novas relações econômicas e políticas. Durante a segunda metade do Século XIX<br />

tem-se a extinção do tráfico negreiro (1850), a abolição da escravatura (1888) e a<br />

proclamação da República (1889). Neste contexto uma nova configuração social passa a se<br />

formar <strong>na</strong> capital do país, apresentando um crescimento demográfico causado pelo aumento<br />

da mão-de-obra imigrante estrangeira assalariada, substituta à escrava africa<strong>na</strong>.<br />

O processo de urbanização carioca sofreu a influência da “<strong>cidade</strong> moder<strong>na</strong>” européia e<br />

sua lógica modeladora do espaço promotora da cooperação urba<strong>na</strong> e da acumulação de<br />

capital. No Rio de Janeiro, principal núcleo urbano do país, o capital privado, em grande parte<br />

171 Baseado no modelo primário-exportador, em meados do século XIX, houve um crescimento das exportações<br />

representando a articulação das áreas produtoras de café com o mercado inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Contextualizada <strong>na</strong> nova<br />

fase de desenvolvimento tecnológico sucedida nos países centrais, este momento trata da inserção do Brasil <strong>na</strong><br />

economia mundial com seu crescimento econômico-monetário que resultará <strong>na</strong> transição para umafase mais<br />

especificamente capitalista – industrial. O Estado de São Paulo conduzirá o processo de gênese do capitalismo<br />

no país devido ás “dinâmicas relações café-indústria”, inscrevendo os “demais espaços regio<strong>na</strong>is (...) em maior<br />

ou menor grau, <strong>na</strong> divisão inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do trabalho” (NATAL, 2005, p.34).<br />

172 “Ao decretar a abertura dos portos brasileiros às <strong>na</strong>ções amigas de Portugal, o príncipe-regente D. João VI<br />

rompeu com os estatutos do pacto colonial, que limitava as transações da colônia à sua metrópole. Desse modo,<br />

o Brasil passava a se articular diretamente com a economia européia, sobretudo com a Inglaterra, precursora da<br />

Revolução Industrial e grande exportadora de produtos manufaturados e alimentos” (SILVEIRA, 2004, p.61).<br />

Além do porto do Rio de Janeiro se destacar devido à importância da <strong>cidade</strong>-capital, até meados do Século XIX,<br />

o porto de Santos se caracteriza como o “porto do açúcar”, para mais tarde se tor<strong>na</strong>r o “porto do café” junto com<br />

São Paulo (SANTOS, 2001).

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