rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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Segundo o autor, neste momento o Estado passou a ser o agente responsável pelo<br />
orde<strong>na</strong>mento da Espla<strong>na</strong>da, criando um “bairro ministerial” que abrigou vários prédios<br />
públicos e edifícios de escritórios. No local, predomi<strong>na</strong> ainda hoje a função administrativa e<br />
diplomática, com a “construção de prédios grandiosos para ministérios, embaixadas e<br />
autarquias. Praticamente toda a administração federal estava de casa e caras novas”.<br />
Visualmente, “as linhas arquitetônicas dos prédios ministeriais e a imponência das novas<br />
construções exibiam formas monumentais que visavam mostrar o poder do Estado sobre a<br />
sociedade” 195 .<br />
A paisagem urba<strong>na</strong> do centro muda mais uma vez com a abertura da Avenida<br />
Presidente Vargas, <strong>na</strong> década de 1940. Como fruto do capital imobiliário foi construída a<br />
segunda geração de prédios da Avenida Rio Branco, consolidando assim o eixo fi<strong>na</strong>nceiro<br />
"Av. Presidente Vargas e Av. Rio Branco". No entanto, como ressalta Silveira (2004), a<br />
“expectativa de expansão da Área Central de Negócios sobre este novo eixo, exatamente<br />
como havia acontecido com a Avenida Rio Branco, não se confirmou. Por esse motivo,<br />
diversos vazios mantiveram-se durante décadas ao longo da larga avenida” 196 . O mercado<br />
imobiliário migrou para a Zo<strong>na</strong> Sul, o que, entre outros fatores, causou impactos notáveis no<br />
centro da <strong>cidade</strong> – e que viriam a ser sentidos até a década de 1980.<br />
Podemos afirmar que, no decorrer da história da <strong>cidade</strong> espaços novos com status<br />
diferenciados foram sendo sucessivamente anexados ao tecido urbano existente, em<br />
detrimento das ocupações mais antigas. A ocupação de áreas através da expansão<br />
urba<strong>na</strong> nos eixos norte e sul contribuiu para a relativa estag<strong>na</strong>ção da área central.<br />
Esta permaneceu como núcleo principal até os anos 1930 e 1940, quando surgiram<br />
novas <strong>centralidade</strong>s, destacando-se Copacaba<strong>na</strong>. Este bairro captou os investimentos<br />
imobiliários que passaram a dirigir-se progressivamente para a zo<strong>na</strong> Sul, seguidos<br />
pelas atividades de comércio e serviços. Em meados do século XX desenvolveramse,<br />
ainda, os subcentros do Méier, Madureira e Campo Grande, o que contribuiu para<br />
esvaziar ainda mais a área central. Outra razão deve ser mencio<strong>na</strong>da como<br />
fundamental para justificar essa situação. Trata-se do processo de esvaziamento<br />
econômico da <strong>cidade</strong> do Rio de Janeiro como um todo, esboçado desde o início do<br />
século XX, que apresentou um ponto de inflexão no fi<strong>na</strong>l dos anos 1930, com o<br />
deslocamento de atividades industriais para São Paulo (SILVEIRA, op.cit., p.72-73).<br />
A autora apóia-se em Santos 197 para relacio<strong>na</strong>r ação do Estado à exclusão social ao<br />
longo de todo o Século XX, ressaltando que “a história da evolução urba<strong>na</strong> recente pode ser<br />
resumida como a do progresso das maneiras de criar áreas privilegiadas e de 'limpá-las' de<br />
presenças indesejadas". A Área Central, como se observa, não ficou livre desta lógica<br />
195 BARROS, loc.cit.<br />
196 SILVEIRA, op.cit., p.70.<br />
197 SANTOS, Carlos Nelson Ferreira. Velhas novidades nos modos de urbanização brasileiros. In: Valadares, L.<br />
(Org.). Habitação em questão. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. p. 21.