rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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estrangeiro, implantou as primeiras redes de estruturação de <strong>cidade</strong>s ou de infra-estrutura<br />
urba<strong>na</strong> (água, esgoto, elétrica e viária), beneficiando as freguesias centrais neste período.<br />
Segundo Silveira (2004), a “introdução dos transportes coletivos modernos,<br />
notadamente os bondes”, direcionou os vetores de deslocamento da moradia das classes média<br />
baixa e média/alta para as zo<strong>na</strong>s Norte e Sul, respectivamente, e consolidou a especialização<br />
espacial da <strong>cidade</strong> levando os usos industriais para os subúrbios, longe do centro. Tal<br />
facilidade de deslocamento para as novas áreas nobres criadas pelo capital imobiliário, aliada<br />
ao surgimento de epidemias levou à saída das elites do núcleo histórico e sua ocupação pela<br />
população pobre.<br />
Podemos estabelecer esta década [1850] como um marco no processo de<br />
transformação de uso <strong>na</strong> área central da <strong>cidade</strong> [...]. Muitos capitais antes alocados<br />
no tráfico negreiro e <strong>na</strong> cafeicultura dirigiram-se ao urbano, onde eram investidos<br />
capitais estrangeiros <strong>na</strong>s obras de infra-estrutura. Esboçaram-se os mercados<br />
imobiliário e fundiário. A <strong>cidade</strong> tornou-se um bom negócio: lotear terras e construir<br />
moradias para aluguel passaram a ser excelentes campos de investimento<br />
(SILVEIRA, op.cit., p.66).<br />
Nas últimas décadas do referido século “verificou-se um crescimento demográfico<br />
acelerado” <strong>na</strong> <strong>cidade</strong> do Rio de Janeiro, acentuando duas crises sociais: a sanitária e de<br />
moradia. “À crise sanitária adicionou-se a da moradia, expressa no grande contingente de<br />
pobres que buscava formas de sobrevivência <strong>na</strong> área central”. Segundo Silveira, como<br />
conseqüência, tem-se um “adensamento da pobreza” expresso no processo de favelização<br />
iniciado no “morro de Santo Antônio e, logo depois, no morro da Providência” 173 . Assim, a<br />
pobreza no centro se apresentava <strong>na</strong><br />
[...] multiplicação dos cortiços, moradias precárias de aluguel instaladas nos fundos<br />
dos quintais, ou em construções subdivididas que haviam sido desocupadas pelos<br />
ricos. No intuito de equacio<strong>na</strong>r, ao menos parcialmente, os graves problemas<br />
urbanos, os trechos desig<strong>na</strong>dos de <strong>cidade</strong> velha e <strong>cidade</strong> nova – isto é, o centro<br />
histórico e sua área em torno, consolidados <strong>na</strong> estrutura urba<strong>na</strong> – tor<strong>na</strong>ram-se alvo<br />
de drásticas intervenções <strong>na</strong> passagem do Século XX (Ibid., p.66).<br />
As intervenções urba<strong>na</strong>s <strong>na</strong> área central da <strong>cidade</strong> do Rio de Janeiro, a partir do Século<br />
XX, têm como principal agente o Estado, e estão dentro de um contexto de desenvolvimento<br />
social e econômico de âmbito <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. À nova ordem institucio<strong>na</strong>l, desde<br />
173 SILVEIRA, op.cit., p.66.