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rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ

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31<br />

O Turismo Cultural 34 “evidencia-se como fenômeno crucial para a compreensão da<br />

<strong>centralidade</strong>. Nesse contexto, junto aos habitantes com sua lógica de consumo do centro<br />

vinculada ao seu poder aquisitivo e à sua possibilidade de mobilização, afluem os turistas” 35<br />

“dispostos a estar em toda parte e que começam a repovoar, a recolonizar, a refuncio<strong>na</strong>lizar e<br />

a revalorizar” 36 o centro antigo.<br />

O programa de revitalização do Pelourinho, amplamente divulgado pelo Governo do<br />

Estado da Bahia, representa o momento atual do “rejuvenescimento parcial do velho centro<br />

adaptado às exigências do turismo” 37 . Para tais adaptações o Pelourinho assume, em vários<br />

exemplos de edificações restauradas e com novos usos voltados para o consumo das classes<br />

médias e altas, assim como, dado o processo de expulsão da maioria da população local<br />

pobre, características nítidas de “gentrificação” 38 .<br />

Este exemplo da <strong>cidade</strong> de Salvador revela que <strong>na</strong> organização espacial as formas<br />

espaciais pretéritas ou rugosidades 39 que “tiveram uma gênese vinculada a outros propósitos e<br />

permaneceram no presente”, assim o foram porque puderam ser adaptadas às necessidades<br />

atuais e apresentam uma “funcio<strong>na</strong>lidade efetiva em termos econômicos ou um valor<br />

simbólico que justifica sua permanência” 40 .<br />

Desta maneira, as mudanças no espaço urbano ocorrem porque derivam da<br />

necessidade de manutenção da dinâmica de acumulação de capital (seja porque os capitais<br />

acumulados anteriormente precisam ser reinvestidos), e das “necessidades mutáveis de<br />

reprodução das relações sociais de produção e dos conflitos de classes” com a fi<strong>na</strong>lidade de<br />

garantir a reprodução das diferenças sociais 41 .<br />

A reflexão sobre a dinâmica urba<strong>na</strong> exige a investigação dos processos específicos que<br />

condicio<strong>na</strong>m os espaços físicos e, portanto, os contextos nos quais as práticas sociais se<br />

realizam, trazendo transformações <strong>na</strong> configuração do ambiente construído. No caso do Rio<br />

34 Sobre este assunto ver as obras de Motta (2000), Vaz (2001), Arantes (2002), Sánchez (2003), Silveira<br />

(2004), Colombiano (2005), Rabha (2006) entre outros.<br />

35 SILVEIRA, op. cit., p.18.<br />

36 SANTOS, op.cit., p.17.<br />

37 Ibid.<br />

38 Tais fenômenos sócio-espaciais de gentrificação possuem referências <strong>na</strong> <strong>cidade</strong> do Rio de Janeiro, como será<br />

dicutido mais à frente, no Capítulo 3. Segundo Silveira (op. cit.), a “leitura de autores que discorrem sobre os<br />

espaços públicos e a observação dos planos e projetos de ‘preservação’/ ‘revitalização’ urba<strong>na</strong>s possibilitam<br />

verificar que a implementação de políticas urbano-culturais tem como locus privilegiado as <strong>centralidade</strong>s intraurba<strong>na</strong>s.<br />

Esta constatação si<strong>na</strong>liza o potencial de gentrificação desses planos e projetos, que tendem a conferir<br />

privilégios a espaços já diferenciados no contexto urbano” (p.22). Ver estudos organizados por Bidou-<br />

Zachariasen (2006), a respeito dos processos de gentrificação e políticas de “revitalização” dos centros urbanos.<br />

39 SANTOS, 2002.<br />

40 CORRÊA, 2002, p.71.<br />

41 CORRÊA, 2001, p.146.

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