rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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de caráter normativo e expressa uma visão do urbanismo (modernista) com base <strong>na</strong><br />
estruturação e orde<strong>na</strong>mento da <strong>cidade</strong>.<br />
O modelo progressista-modernista de planejamento urbano se configura nos Planos<br />
Diretores. Com vistas à não-solução dos conflitos sociais, a elimi<strong>na</strong>ção das “irracio<strong>na</strong>lidades”<br />
e à busca da “<strong>cidade</strong> ideal”, tal modelo pauta-se num enfoque físico, no desenho urbano e no<br />
zoneamento como instrumento fundamental. Os planos possuem caráter coercitivo e, no<br />
entanto, buscam expressar caráter democrático por meio da normatização e da padronização.<br />
Para Feldman, houve neste momento substituição dos Planos pelo Zoneamento <strong>na</strong> prática do<br />
urbanismo brasileiro.<br />
As políticas de zoneamento estimularam o uso de automóveis, estabelecendo a relação<br />
deste último com o território, numa função de “elástico” que permite a expansão dos usos no<br />
território. Com a propagação da indústria automotiva como base de difusão do modelo<br />
fordista, e especialmente do aumento do uso do automóvel, a infra-estrutura viária existente é<br />
reestruturada, promovendo a base material necessária a essas mudanças, configurando assim<br />
as redes viárias contemporâneas 211 .<br />
Segundo Carlos (2006), uma “febre viária” é instalada <strong>na</strong> <strong>cidade</strong> do Rio de Janeiro a<br />
partir da década de 1950, reflexo do período “rodoviarista” em escala <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, acarretando<br />
uma hipertrofia da função do transporte rodoviário. Este fato se agravou com a formulação de<br />
um plano para a <strong>cidade</strong> pelo urbanista grego Doxiadis, a convite do gover<strong>na</strong>dor Carlos<br />
Lacerda 212 . Segundo o autor, “o plano privilegiou o transporte rodoviário e reforçou as<br />
práticas de “cirurgia urba<strong>na</strong>” do início do século”. Assim, o automóvel<br />
assumiu o papel de grande astro das ruas, em substituição ao pedestre. As larguras<br />
cada vez mais insuficientes à quantidade, á velo<strong>cidade</strong> e ao estacio<strong>na</strong>mento dos<br />
automóveis foram progressivamente aumentadas através dos Projetos de<br />
Alinhamento (PA), elaborados por técnicos da prefeitura em suas pranchetas, bem<br />
distantes das ruas. Os impactos [...] desses PAs foram desastrosos aos pedestres.<br />
Observou-se a fragmentação dos passeios, face às lacu<strong>na</strong>s origi<strong>na</strong>das pelos recuos<br />
obrigatórios às novas edificações, determi<strong>na</strong>das pelo novo desenho urbano imposto,<br />
bem como a inviabilização da implantação de projetos de arborização urba<strong>na</strong>. A<br />
escala monumental dos viadutos e elevados – soluções bastante recorrentes no<br />
período – complementaram o quadro caótico das ruas da <strong>cidade</strong> cujos espaços<br />
públicos tor<strong>na</strong>ram-se gradativamente desestimulantes à permanência e à apropriação<br />
por parte do carioca (CARLOS, 2006, p.6).<br />
Como exemplo das políticas públicas ligadas à expansão dos modernos meios de<br />
transporte, entre as décadas de 1950 e 1970, temos a construção do Termi<strong>na</strong>l Rodoviário<br />
Menezes Cortes, <strong>na</strong> década de 1950, a Avenida Alfredo Agache, em 1960, separando a Praça<br />
211 KLEIMAN, 2004.<br />
212 MAGALHÃES, 2001, p.741.