rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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As políticas públicas voltadas ao cenário urbano carioca, <strong>na</strong>s décadas de 1950 a 1970,<br />
se pautaram <strong>na</strong>s renovações urba<strong>na</strong>s (com uma série de demolições <strong>na</strong> área central) e <strong>na</strong><br />
“febre viária” com a expansão dos meios de transportes, abertura de túneis, construções de<br />
pontes e do metrô, ligando o centro a outras partes da <strong>cidade</strong> e viabilizando o modo de vida<br />
nessas áreas cada vez mais distantes do núcleo central.<br />
A conseqüência da transformação urba<strong>na</strong> para o crescente uso do automóvel se fez<br />
sentir <strong>na</strong> área central num primeiro momento por acentuação da sua distância aos<br />
mais modernos padrões de circulação urba<strong>na</strong>. Ruas estreitas que determi<strong>na</strong>vam<br />
redução de velo<strong>cidade</strong>s, ausência de estacio<strong>na</strong>mento e garagens nos prédios antigos,<br />
além da inexistência de um sistema de transportes coletivo ou de massa eficiente<br />
tor<strong>na</strong>ram a área central incompatível aos padrões de uso e atividade mais<br />
sofisticados, acelerando a decadência e a desvalorização de determi<strong>na</strong>das áreas<br />
(RABHA, op.cit.).<br />
O novo padrão de mobilidade espacial decorrente da difusão do automóvel trouxe<br />
conseqüências à área central. A produção e afirmação de outras <strong>centralidade</strong>s tanto pelo poder<br />
público quanto pelo capital imobiliário gerou várias implicações quanto ao papel do centro<br />
para a estrutura metropolita<strong>na</strong>. Por conseguinte, o espaço urbano-metropolitano se apresenta<br />
como fragmentado pela “dispersão e declínio das áreas centrais” 126 .<br />
Orientadas por diferentes discursos políticos conforme o período, as intervenções<br />
promovidas pelo Estado incluíram, por mais de 80 anos, uma ação pública<br />
recorrente: a de afastar o uso residencial e as populações de menor renda do centro.<br />
Viabilizadas mediante um discurso embasado no saneamento, embelezamento e<br />
modernização da <strong>cidade</strong>, estas e outras ações do poder público constituíram, <strong>na</strong><br />
prática, um meio de ‘depuração sócio-espacial’ (SILVEIRA, op.cit., p.70).<br />
A <strong>centralidade</strong> se redefine mais uma vez no contexto de consolidação da <strong>cidade</strong><br />
policêntrica após a década de 1980. Segundo Tourinho (2006), a partir deste momento, o<br />
espaço é repensado, e surgem “novas <strong>centralidade</strong>s” representadas como “receptáculos de<br />
rentabilidade em que se concentram processos de intercâmbio entre a produção e o<br />
consumo” 127 . A relação de dependência entre a <strong>cidade</strong> central e subcentros teria se modificado<br />
dando lugar a uma relação de competição.<br />
Estas áreas especialmente equipadas apresentam características diferenciadas que as<br />
potencializam como pontos de concentração de atividades e permitem que<br />
funcionem como intercambiadores de fluxos, os mais diversos – comerciais,<br />
direcio<strong>na</strong>is, informacio<strong>na</strong>is, culturais, etc. Assim, a eficácia com que cada um desses<br />
espaços se apresenta como concentrador do poder decisório é equivalente à<br />
126 FRÚGOLI JÚNIOR,op.cit., p.29.<br />
127 TOURINHO, op.cit., p. 288.