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rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ

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72<br />

No entanto, para entender a dinâmica da <strong>centralidade</strong>, serão discutidas inicialmente<br />

algumas questões referentes à <strong>na</strong>tureza do processo de descentralização e re-centralização.<br />

Neste sentido, caberá uma reflexão acerca da <strong>na</strong>tureza do processo de esvaziamento do<br />

Centro, articulando-o com o discurso do seu “declínio”. Com base em leituras recentes sobre<br />

o campo a<strong>na</strong>lítico em pauta, serão apontados alguns fatores que justificam a transformação da<br />

antiga <strong>centralidade</strong> da área central, como a “perda” de funções centrais, com destaque para a<br />

função de comando dos fluxos sobre a <strong>cidade</strong>.<br />

Outro fator diz respeito à consolidação de novas <strong>centralidade</strong>s, como a Barra da<br />

Tijuca, pois estariam se tor<strong>na</strong>ndo áreas mais aptas a promover os fluxos dentro da <strong>cidade</strong>. O<br />

Centro estaria, realmente, perdendo lugar <strong>na</strong> hierarquia intra-urba<strong>na</strong>? Nessa perspectiva<br />

verifica-se a existência de remanescentes de <strong>centralidade</strong> que teriam permanecido e que de<br />

certa forma ancorariam uma possível “retomada” do espaço central.<br />

No entanto, cabe ao estudo refletir sobre o discurso da “volta ao Centro”, a sua<br />

<strong>na</strong>tureza, os atores sociais que de fato estariam atuando sobre tal espaço. Tal processo<br />

apresenta movimentos de “gentrificação” ou os setores populares participam desta<br />

(re)apropriação?<br />

Fi<strong>na</strong>lmente, abordamos o debate sobre as (novas) formas de apropriação do Centro. De<br />

fato, as áreas centrais ainda se constituem em “terreno estratégico” para algumas atividades<br />

no contexto metropolitano contemporâneo, sendo assim questio<strong>na</strong>m-se as dimensões<br />

representativas (política, econômica, sócio-cultural) que afirmam a referência da <strong>centralidade</strong>.<br />

Eis algumas questões a exami<strong>na</strong>r: como a <strong>centralidade</strong> vem sendo redefinida, articulada e<br />

negociada pelos grupos sociais domi<strong>na</strong>ntes, e como estes se articulam com o poder<br />

público? 142<br />

No intuito de explicitar algumas questões que têm dificultado o esclarecimento dos<br />

problemas assi<strong>na</strong>lados, registra-se a concepção de “<strong>cidade</strong> mercadoria” exami<strong>na</strong>da em<br />

Lefebvre 143 . De acordo com o autor, a visão da <strong>cidade</strong> como obra, valorizada em seu valor de<br />

uso, teria sido alterada pelo capitalismo industrial que se apropriou de espaços da <strong>cidade</strong>,<br />

transformando-os em mercadoria. Esta apropriação se deu no contexto do surgimento da<br />

<strong>cidade</strong> industrial e do aumento populacio<strong>na</strong>l causado pelo êxodo rural, acirrando o processo<br />

de urbanização nos países centrais <strong>na</strong> passagem do século XVIII/XIX. A partir deste<br />

momento a <strong>cidade</strong> se configurou cada vez mais como espaço fragmentado e segregado, como<br />

142 Questões importantes levantadas por Frúgoli Júnior em seu trabalho sobre a <strong>centralidade</strong> de São Paulo.<br />

143 LEFEBVRE, Henri. O direito à <strong>cidade</strong>. São Paulo: Centauro, 2001.

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