rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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No entanto, para entender a dinâmica da <strong>centralidade</strong>, serão discutidas inicialmente<br />
algumas questões referentes à <strong>na</strong>tureza do processo de descentralização e re-centralização.<br />
Neste sentido, caberá uma reflexão acerca da <strong>na</strong>tureza do processo de esvaziamento do<br />
Centro, articulando-o com o discurso do seu “declínio”. Com base em leituras recentes sobre<br />
o campo a<strong>na</strong>lítico em pauta, serão apontados alguns fatores que justificam a transformação da<br />
antiga <strong>centralidade</strong> da área central, como a “perda” de funções centrais, com destaque para a<br />
função de comando dos fluxos sobre a <strong>cidade</strong>.<br />
Outro fator diz respeito à consolidação de novas <strong>centralidade</strong>s, como a Barra da<br />
Tijuca, pois estariam se tor<strong>na</strong>ndo áreas mais aptas a promover os fluxos dentro da <strong>cidade</strong>. O<br />
Centro estaria, realmente, perdendo lugar <strong>na</strong> hierarquia intra-urba<strong>na</strong>? Nessa perspectiva<br />
verifica-se a existência de remanescentes de <strong>centralidade</strong> que teriam permanecido e que de<br />
certa forma ancorariam uma possível “retomada” do espaço central.<br />
No entanto, cabe ao estudo refletir sobre o discurso da “volta ao Centro”, a sua<br />
<strong>na</strong>tureza, os atores sociais que de fato estariam atuando sobre tal espaço. Tal processo<br />
apresenta movimentos de “gentrificação” ou os setores populares participam desta<br />
(re)apropriação?<br />
Fi<strong>na</strong>lmente, abordamos o debate sobre as (novas) formas de apropriação do Centro. De<br />
fato, as áreas centrais ainda se constituem em “terreno estratégico” para algumas atividades<br />
no contexto metropolitano contemporâneo, sendo assim questio<strong>na</strong>m-se as dimensões<br />
representativas (política, econômica, sócio-cultural) que afirmam a referência da <strong>centralidade</strong>.<br />
Eis algumas questões a exami<strong>na</strong>r: como a <strong>centralidade</strong> vem sendo redefinida, articulada e<br />
negociada pelos grupos sociais domi<strong>na</strong>ntes, e como estes se articulam com o poder<br />
público? 142<br />
No intuito de explicitar algumas questões que têm dificultado o esclarecimento dos<br />
problemas assi<strong>na</strong>lados, registra-se a concepção de “<strong>cidade</strong> mercadoria” exami<strong>na</strong>da em<br />
Lefebvre 143 . De acordo com o autor, a visão da <strong>cidade</strong> como obra, valorizada em seu valor de<br />
uso, teria sido alterada pelo capitalismo industrial que se apropriou de espaços da <strong>cidade</strong>,<br />
transformando-os em mercadoria. Esta apropriação se deu no contexto do surgimento da<br />
<strong>cidade</strong> industrial e do aumento populacio<strong>na</strong>l causado pelo êxodo rural, acirrando o processo<br />
de urbanização nos países centrais <strong>na</strong> passagem do século XVIII/XIX. A partir deste<br />
momento a <strong>cidade</strong> se configurou cada vez mais como espaço fragmentado e segregado, como<br />
142 Questões importantes levantadas por Frúgoli Júnior em seu trabalho sobre a <strong>centralidade</strong> de São Paulo.<br />
143 LEFEBVRE, Henri. O direito à <strong>cidade</strong>. São Paulo: Centauro, 2001.