rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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61<br />
Apresentando de maneira breve um histórico da configuração do Centro da <strong>cidade</strong> do<br />
Rio de Janeiro, já que este tema será apontado novamente no próximo capítulo, destaca-se<br />
num primeiro momento a continuidade do processo de expansão da malha urba<strong>na</strong> durante o<br />
Século XIX, com características tanto de periferização quanto de adensamento da ocupação<br />
da área central. Nota-se, também, uma segregação das classes sociais e dos usos no espaço<br />
central.<br />
Há, portanto, o surgimento de bairros residenciais para as classes mais abastadas tanto<br />
<strong>na</strong> periferia do centro (vetor sul) quanto no entorno do núcleo origi<strong>na</strong>l, assim como o<br />
deslocamento para o vetor norte e leste da periferia do centro para as classes mais pobres,<br />
devido à falta de moradia. Outro fato interessante de se mencio<strong>na</strong>r é o processo de perda da<br />
função residencial em certos trechos do centro e a valorização dos espaços para lazer e<br />
comércio.<br />
Já no contexto da <strong>cidade</strong> moder<strong>na</strong>, a partir de um novo momento de expansão da<br />
malha urba<strong>na</strong>, no início do Século XX, a <strong>centralidade</strong> passa por uma redefinição de usos e<br />
significados e diversas re-configurações do seu espaço, tendo o seu desenvolvimento<br />
caracterizado pela concentração de negócios e expulsão do uso residencial para outras regiões<br />
da <strong>cidade</strong> 121 .<br />
Na virada do Século XIX para o Século XX, a <strong>cidade</strong> do Rio de Janeiro contava com<br />
uma população superior a 700.000 habitantes, distribuída num espaço urbano que<br />
necessitava se adequar às exigências da nova divisão territorial e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do<br />
trabalho. A economia brasileira vivia então uma fase de rápida expansão. O aumento<br />
acelerado da atividade de exportação integrava-a progressivamente ao capitalismo<br />
inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Desse modo, o espaço brasileiro, sobretudo o da sua capital, precisava<br />
ser reestruturado para responder convenientemente à sua crescente inserção no modo<br />
de produção capitalista. Com a nova ordem institucio<strong>na</strong>l desde 1889, a <strong>cidade</strong> do<br />
Rio de Janeiro tornou-se Distrito Federal, sede do governo e capital da República. O<br />
processo de expansão da <strong>cidade</strong>, mediante a crescente incorporação de novas áreas à<br />
malha urba<strong>na</strong>, manifestou-se <strong>na</strong> formação de bairros residenciais e industriais<br />
dissociados da área central. Assim, no início do século XX, o Rio de Janeiro<br />
apresentava-se <strong>na</strong> forma dicotômica núcleo-periferia, com uma área central<br />
praticamente delineada nos limites da ‘<strong>cidade</strong> velha’, hoje conhecida simplesmente<br />
como ‘<strong>cidade</strong>’ (ou ‘centro’). No entanto, ali permaneceram usos e atividades<br />
considerados indesejáveis para uma <strong>cidade</strong> moder<strong>na</strong>, principalmente os inúmeros e<br />
frágeis cortiços (Ibid., p.66).<br />
As contradições do movimento mundial de expansão do capital <strong>na</strong> sociedade carioca<br />
se expressavam em diversos níveis: econômicos, ao nível das relações de trabalho;<br />
urbanísticos relacio<strong>na</strong>dos à infra-estrutura; e ideológicos, posto que as “elites” reconheciam<br />
121 ABRAMO & MARTINS, 2001.