rachel freire barrón torrez centralidade na cidade ... - Ippur - UFRJ
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melhoria qualitativa, revela a vinculação destes estabelecimentos “exclusivamente ao<br />
atendimento da demanda por ensino” 367 .<br />
[...] a privação pretérita no acesso ao ensino superior, herança de um modelo<br />
educacio<strong>na</strong>l excludente e voltado preferencialmente às camadas mais abastadas da<br />
população, cedeu lugar a uma pretensa abundância <strong>na</strong> oferta de vagas a todos que se<br />
dispuserem a pagar as mensalidades (RUA, 2005, p.24).<br />
Verificam-se, desde a década de 1990, algumas transformações <strong>na</strong> realidade brasileira,<br />
marcada pela desigualdade no acesso aos direitos básicos da vida, como a educação. As<br />
recentes políticas públicas educacio<strong>na</strong>is refletem acordos entre Governo e mercado, e<br />
defendem a democratização do ensino superior pautando-se <strong>na</strong> ampliação do reconhecimento<br />
de instituições de ensino de cunho empresarial e em reformas que garantem acesso às verbas<br />
gover<strong>na</strong>mentais por parte do setor privado. Deixa-se claro a afirmação de um “modelo de<br />
educação que trabalha exclusivamente para a preparação para o mundo do trabalho” 368 ,<br />
orientando o indivíduo a dispor de parte de seu provento para fi<strong>na</strong>nciar a “tão sonhada”<br />
faculdade, já que é sabido que a grande massa populacio<strong>na</strong>l que compõe a classe baixa e<br />
média-baixa não usufrui das mesmas condições sociais que as classes média e alta durante a<br />
sua formação educacio<strong>na</strong>l básica ou para pagar cursos preparatórios para o vestibular.<br />
Com base <strong>na</strong>s reflexões de Rua (2005), que buscou investigar os elementos motivantes<br />
dessa “demanda adicio<strong>na</strong>l disposta a fi<strong>na</strong>nciar o ensino superior”, pode-se apontar a<br />
“ideologia da empregabilidade” 369 que “apregoa o papel da formação e qualificação para a<br />
colocação do indivíduo no mercado de trabalho” – discurso “reiterado pelos meios de<br />
comunicação, empresas, escolas e universidades”. Esta ideologia refletiria um “receituário de<br />
propostas no campo educacio<strong>na</strong>l” formuladas pelo empresariado industrial preocupado em<br />
“tor<strong>na</strong>r a economia mais competitiva com a indústria estrangeira”, e pelo capital fi<strong>na</strong>nceiro<br />
disposto a investir em “novos nichos de consumo de serviços educacio<strong>na</strong>is”.<br />
367 BITTAR, Mariluce. O Ensino Superior Privado no Brasil e a formação do segmento das universidades<br />
comunitárias. (s/d). Disponível <strong>na</strong> internet. Sobre a expansão da rede de ensino superior privado, o INEP aponta<br />
que “o problema é que ela se deu em detrimento da qualidade, com a criação de inúmeras escolas sem corpo<br />
docente qualificado e sem a infra-estrutura mínima necessária ao seu funcio<strong>na</strong>mento. Por outro lado, a maioria<br />
das instituições privadas se dedica ape<strong>na</strong>s ao ensino, sem apoiá-lo <strong>na</strong> produção do conhecimento e <strong>na</strong>s atividades<br />
de extensão. Assim, as universidades públicas brasileiras são as principais responsáveis pela qualificação<br />
docente, em nível de mestrado e doutorado, assim como por mais de 90% da pesquisa básica e aplicada<br />
desenvolvida no país”.<br />
368<br />
RUA, 2005, p.30.<br />
369 Ibid., p.26-7.