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Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

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Como <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> anteriormente, o magistra<strong>do</strong>, no contexto <strong>do</strong><br />

neoconstitucionalismo, tem um papel tão criativo quanto o <strong>do</strong> seu colega<br />

<strong>do</strong> common law, controlan<strong>do</strong> a constitucionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> lei, aplican<strong>do</strong> técnicas<br />

<strong>de</strong> interpretação conforme a constituição e, ain<strong>da</strong>, suprin<strong>do</strong> omissões<br />

<strong>do</strong> legisla<strong>do</strong>r diante <strong>de</strong> direitos fun<strong>da</strong>mentais 67 .<br />

Nessa linha, os prece<strong>de</strong>ntes são ferramentas extremamente valiosas<br />

para a concretização <strong>do</strong>s direitos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> igual<strong>da</strong><strong>de</strong>, segurança<br />

jurídica e razoável duração <strong>do</strong> processo. Há que se pensar na igual<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

diante <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões judiciais, ou seja, não basta igual<strong>da</strong><strong>de</strong> perante a lei,<br />

mas igual<strong>da</strong><strong>de</strong> na interpretação <strong>da</strong> lei 68 .<br />

Diante <strong>de</strong> tal conjunto <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, esperava-se que o Novo CPC construísse<br />

uma teoria <strong>do</strong> prece<strong>de</strong>nte, não apenas regulamentasse a jurisprudência.<br />

O art. 847, art. 882, nas alterações apresenta<strong>da</strong>s pelo Sena<strong>do</strong>r<br />

Valter Pereira, ignora, ao que parece, a diferença entre jurisprudência,<br />

<strong>de</strong>cisão judicial e prece<strong>de</strong>nte.<br />

Somente se po<strong>de</strong> cogitar em prece<strong>de</strong>nte quan<strong>do</strong> se tem uma <strong>de</strong>cisão<br />

<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s características, com basicamente a potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se firmar como paradigma para a orientação <strong>do</strong>s jurisdiciona<strong>do</strong>s e magistra<strong>do</strong>s.<br />

O prece<strong>de</strong>nte constitui <strong>de</strong>cisão acerca <strong>de</strong> matéria <strong>de</strong> direito – ou,<br />

nos termos <strong>do</strong> commom law, <strong>de</strong> um point of law – e não <strong>de</strong> matéria <strong>de</strong><br />

fato. A maioria <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões judiciais diz respeito às <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> fato 69 .<br />

De igual mo<strong>do</strong>, além <strong>de</strong>ssa imprecisão técnica, o NCPC não introduz<br />

um sistema <strong>de</strong> prece<strong>de</strong>ntes, não reconhecen<strong>do</strong> a eficácia vinculante <strong>do</strong>s<br />

fun<strong>da</strong>mentos <strong>de</strong>terminantes <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões judiciais, tampouco abor<strong>da</strong> os<br />

institutos <strong>da</strong> ratio <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>ndi, obter dicta, distinguishing, overruling, prospectiver<br />

overruling, antecipatory overruling, overriding entre outras.<br />

É certo que não é função <strong>do</strong> legisla<strong>do</strong>r <strong>de</strong>finir conceitos, contu<strong>do</strong>,<br />

estabelecer uma melhor compreensão <strong>da</strong>s técnicas <strong>de</strong> confronto, interpretação,<br />

superação e aplicação <strong>do</strong> prece<strong>de</strong>nte seria i<strong>de</strong>al, inclusive para<br />

uma melhor obtenção <strong>do</strong>s anseios <strong>do</strong> NCPC, bem como para conferir mais<br />

coerência à or<strong>de</strong>m jurídica.<br />

67 MARINONI, Luiz Guilherme. "A transformação <strong>do</strong> civil law e a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um sistema prece<strong>de</strong>ntalista para<br />

o Brasil". Disponível em: www.professormarinoni.com.br.<br />

68 GARCIA, André Luis Bitar <strong>de</strong> Lima. "A ausência <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> prece<strong>de</strong>ntes no NCPC: uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> perdi<strong>da</strong>",<br />

In DIDIER Jr., Fredie. MOUTA ARAÚJO, José Henrique. KLIPPEL, Rodrigo. O projeto <strong>do</strong> Novo Código <strong>de</strong> Processo<br />

Civil. Estu<strong>do</strong>s em homenagem ao Prof. José <strong>de</strong> Albuquerque Rocha. Ed. JusPodium, 2011, p. 17.<br />

69 MARINONI, Luiz Guilherme. MITIDIEIRO, Daniel. O projeto <strong>do</strong> CPC: crítica e propostas. São Paulo: Editora Revista<br />

<strong>do</strong>s Tribunais, 2010, p. 164-165.<br />

106<br />

R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 74-107, out.-<strong>de</strong>z. 2011

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