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Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

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Para respon<strong>de</strong>r a essas in<strong>da</strong>gações, antes é necessário i<strong>de</strong>ntificar<br />

as relações envolvi<strong>da</strong>s em um contrato <strong>de</strong> cartão <strong>de</strong> crédito. ANDRÉ LUIZ<br />

SANTA CRUZ RAMOS nos explica o que é um contrato <strong>de</strong> cartão <strong>de</strong> crédito,<br />

bem como as relações que o cercam:<br />

"Trata-se <strong>de</strong> contato por meio <strong>do</strong> qual uma instituição financeira,<br />

a opera<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> cartão, permite aos seus clientes a<br />

compra <strong>de</strong> bens e serviços em estabelecimentos comerciais<br />

ca<strong>da</strong>stra<strong>do</strong>s, que receberão os valores <strong>da</strong>s compras diretamente<br />

<strong>da</strong> opera<strong>do</strong>ra. Esta, por sua vez, cobra <strong>do</strong>s clientes,<br />

mensalmente, o valor <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as suas compras realiza<strong>da</strong>s<br />

num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>. Chama-se cartão <strong>de</strong> crédito, então,<br />

o <strong>do</strong>cumento por meio <strong>do</strong> qual o cliente realiza a compra,<br />

apresentan<strong>do</strong>-o ao estabelecimento comercial ca<strong>da</strong>stra<strong>do</strong>.<br />

Do que foi exposto, po<strong>de</strong>-se então distinguir três relações jurídicas<br />

distintas numa operação com carta <strong>de</strong> crédito: (i) a<br />

<strong>da</strong> opera<strong>do</strong>ra com o seu cliente; (ii) a <strong>do</strong> cliente com o estabelecimento<br />

comercial; (iii) a <strong>do</strong> estabelecimento comercial<br />

com a opera<strong>do</strong>ra" (Direito Empresarial Esquematiza<strong>do</strong>. 1ª<br />

Ed. São Paulo: Méto<strong>do</strong>, 2011, p. 485).<br />

Analisan<strong>do</strong> o articula<strong>do</strong> pelo insigne autor, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a respon<strong>de</strong>r<br />

às in<strong>da</strong>gações <strong>do</strong> professor Pablo Stolze, é possível afirmar que as duas<br />

primeiras relações, isto é, a <strong>da</strong> opera<strong>do</strong>ra com o seu cliente e a <strong>do</strong> cliente<br />

com o estabelecimento comercial, são relações <strong>de</strong> consumo, portanto sujeitas<br />

às regras <strong>do</strong> CDC.<br />

Em sen<strong>do</strong> relações <strong>de</strong> consumo, submetem-se à regra <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

civil objetiva, agasalha<strong>da</strong> pelo sistema consumerista. Significa<br />

que, perante o consumi<strong>do</strong>r, tanto o comerciante, quanto a administra<strong>do</strong>ra<br />

<strong>do</strong> cartão respon<strong>de</strong>rão, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> culpa<br />

por eventuais <strong>da</strong>nos causa<strong>do</strong>s ao consumi<strong>do</strong>r em razão <strong>de</strong> chargeback,<br />

pois ambos se enquadram no conceito <strong>de</strong> fornece<strong>do</strong>r, insculpi<strong>do</strong> no art. 3º<br />

<strong>do</strong> CDC.<br />

Assim, respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à primeira in<strong>da</strong>gação, é, sim, “juridicamente<br />

possível a repartição <strong>do</strong>s riscos e <strong>do</strong>s prejuízos entre o lojista e administra<strong>do</strong>ra<br />

<strong>de</strong> cartões <strong>de</strong> crédito ou débito, em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> própria ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

lucrativa que exercem no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> produtos a distância”, uma<br />

vez que estaremos diante <strong>de</strong> vício na prestação <strong>do</strong> serviço, sujeito à re-<br />

242<br />

R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 235-244, out.-<strong>de</strong>z. 2011

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