26.11.2014 Views

Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

comercial, o consumi<strong>do</strong>r não tem contato físico com o produto; não tem<br />

condições <strong>de</strong> verificar se a cor correspon<strong>de</strong> à <strong>de</strong>seja<strong>da</strong>, se o tamanho <strong>do</strong><br />

produto é <strong>de</strong> fato o espera<strong>do</strong> etc.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, examinan<strong>do</strong> pessoalmente o produto, o consumi<strong>do</strong>r<br />

reúne condições <strong>de</strong> verificar se este realmente correspon<strong>de</strong> à suas<br />

expectativas, po<strong>de</strong> testá-lo no local <strong>da</strong> aquisição para conferir seu funcionamento,<br />

consultar outros consumi<strong>do</strong>res que, porventura, adquiriram<br />

o mesmo produto, ouvin<strong>do</strong> as respectivas opiniões etc. Da mesma forma,<br />

quan<strong>do</strong> tem acesso direto ao conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> um contrato, é possível ao<br />

consumi<strong>do</strong>r verificar, via <strong>de</strong> regra, se as cláusulas não são abusivas, se as<br />

condições <strong>do</strong> negócio não lhe são <strong>de</strong>sfavoráveis etc.<br />

Em resumo, negocian<strong>do</strong> em contato com o objeto <strong>do</strong> negócio, o<br />

consumi<strong>do</strong>r tem mais chances <strong>de</strong> consumir refleti<strong>da</strong>mente, conscientemente,<br />

firme na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que está contratan<strong>do</strong> o que quer e como quer.<br />

La<strong>do</strong> outro, se contrata a distância, correrá o risco <strong>de</strong> o objeto <strong>do</strong><br />

negócio não correspon<strong>de</strong>r ao que espera, ten<strong>do</strong> em vista as diversas<br />

técnicas <strong>de</strong> “maquiagem” <strong>do</strong> produto para torná-lo mais atraente (vi<strong>de</strong><br />

hambúrgueres <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fast food), publici<strong>da</strong><strong>de</strong>s com apelo emocional,<br />

mostran<strong>do</strong> famílias sorri<strong>de</strong>ntes, felizes, <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> aparentemente perfeita,<br />

como ocorre com publici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, seguros, contratos <strong>de</strong><br />

time sharing etc.<br />

Esta é, portanto, a razão <strong>de</strong> ser <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> arrependimento, a<br />

ser exerci<strong>do</strong> no prazo <strong>de</strong> reflexão: leva-se em conta o aumento <strong>da</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, em razão <strong>da</strong> ausência <strong>de</strong> contato direto com o<br />

objeto <strong>do</strong> negócio.<br />

Sintetizan<strong>do</strong>, no chargeback inexiste arrependimento <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r<br />

em relação ao negócio sacramenta<strong>do</strong>, pois sequer há tratativas entre<br />

este e o fornece<strong>do</strong>r. Há, sim, a ocorrência <strong>de</strong> uma frau<strong>de</strong> por parte <strong>de</strong> terceiros,<br />

ou até mesmo por má-fé <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, ou por parte <strong>do</strong> próprio<br />

fornece<strong>do</strong>r, ao <strong>de</strong>scumprir as regras que regulamentam o contrato entre<br />

este e a administra<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> cartão.<br />

De seu turno, no direito <strong>de</strong> arrependimento inexiste frau<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>scumprimento<br />

<strong>de</strong> qualquer regra contratual a ensejar a <strong>de</strong>sistência <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r<br />

em prosseguir com o negócio. Como dito, é um direito potestativo,<br />

<strong>de</strong>spi<strong>do</strong> <strong>de</strong> qualquer justificativa por parte <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r para que<br />

ocorra. O consumi<strong>do</strong>r, após refletir sobre a conveniência ou oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> contratação, simplesmente <strong>de</strong>siste <strong>de</strong> prosseguir com o negócio, se<br />

240<br />

R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 235-244, out.-<strong>de</strong>z. 2011

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!