Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...
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que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a frau<strong>de</strong> com cartões <strong>de</strong> crédito rouba<strong>do</strong>s/<br />
clona<strong>do</strong>s até a má-fé <strong>de</strong> alguns usuários que simplesmente<br />
alegam não reconhecer compras legítimas. É uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira<br />
Roleta Russa que po<strong>de</strong> levar a empresa à falência.<br />
(..) Quem lê e enten<strong>de</strong> o contrato <strong>de</strong> cre<strong>de</strong>nciamento <strong>de</strong> uma<br />
administra<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> cartão <strong>de</strong> crédito, em sã consciência, não<br />
assina. As cláusulas são leoninas e em muitos casos totalmente<br />
subjetivas. Resumin<strong>do</strong> as relações <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>scritas na maioria <strong>do</strong>s contratos, as administra<strong>do</strong>ras têm<br />
to<strong>do</strong>s os direitos e os lojistas arcam com to<strong>da</strong>s as obrigações.<br />
Além <strong>do</strong> famoso contrato, são cria<strong>do</strong>s aditivos e novas regras<br />
que beneficiam exclusivamente as administra<strong>do</strong>ras, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong><br />
em situação ca<strong>da</strong> vez mais fragiliza<strong>da</strong> o lojista.<br />
Não bastasse o prejuízo pelo não recebimento pelas ven<strong>da</strong>s<br />
efetua<strong>da</strong>s, o lojista ain<strong>da</strong> po<strong>de</strong> ser surpreendi<strong>do</strong> pela bizarra<br />
situação <strong>de</strong> passar <strong>da</strong> posição <strong>de</strong> lesa<strong>do</strong> para a <strong>de</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r<br />
<strong>da</strong> administra<strong>do</strong>ra. Suponhamos a situação em que o lojista<br />
efetua várias ven<strong>da</strong>s e muitas <strong>de</strong>las são recusa<strong>da</strong>s pela<br />
administra<strong>do</strong>ra. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong>s outras transações<br />
serem legítimas ou não, elas respon<strong>de</strong>m pelo valor <strong>da</strong>s transações<br />
frau<strong>da</strong><strong>da</strong>s e portanto, <strong>de</strong>vem ser usa<strong>da</strong>s para reposição<br />
<strong>de</strong> valores que tenham si<strong>do</strong> saca<strong>do</strong>s pelo lojista antes<br />
<strong>da</strong> negativação <strong>da</strong> compra. É justamente nessa situação que<br />
muitas lojas virtuais encerram suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Como o fluxo<br />
<strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s é interrompi<strong>do</strong>, mas não o fluxo <strong>de</strong> negativação<br />
<strong>de</strong> compras já efetua<strong>da</strong>s, o resulta<strong>do</strong> é um sal<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r na<br />
conta <strong>do</strong> lojista afilia<strong>do</strong>."<br />
Forneci<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong> chargeback e suas consequências na seara<br />
comercial, passamos a discorrer sobre a diferença entre essa prática e o<br />
direito <strong>de</strong> arrependimento estatuí<strong>do</strong> no diploma consumerista.<br />
2. DISTINÇÃO ENTRE “CHARGEBACK” E O DIREITO DE ARREPENDI-<br />
MENTO PREVISTO NO ART. 49 DO CDC<br />
Há quem confun<strong>da</strong> o chargeback com o direito <strong>de</strong> arrependimento<br />
previsto no art. 49 <strong>do</strong> CDC, isto é, aquele em que o consumi<strong>do</strong>r<br />
R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 235-244, out.-<strong>de</strong>z. 2011 237