Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...
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encontra sua fronteira nos interesses <strong>do</strong> outro figurante, dignos <strong>de</strong> serem<br />
protegi<strong>do</strong>s. O princípio <strong>da</strong> boa-fé opera, aqui, significativamente, como<br />
man<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração.” 71<br />
A importância <strong>de</strong>ssa concepção para a teoria <strong>do</strong> inadimplemento<br />
antecipa<strong>do</strong> é revela<strong>da</strong> pela exaltação <strong>da</strong> boa-fé objetiva frente à valorização<br />
<strong>da</strong> própria vonta<strong>de</strong> humana, presente na elaboração <strong>do</strong> contrato e<br />
na fixação <strong>do</strong> termo. Diante disso, em razão <strong>da</strong> boa-fé objetiva e <strong>do</strong>s <strong>de</strong>veres<br />
<strong>de</strong> cooperação, o interesse <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r em resolver o contrato frente<br />
ao inadimplemento anterior ao termo se mostra plenamente justificável,<br />
haja vista que to<strong>da</strong>s as características <strong>da</strong> relação obrigacional “correlacionam-se<br />
e completam-se reciprocamente, nos termos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s a, na<br />
sua totali<strong>da</strong><strong>de</strong>, po<strong>de</strong>rem proporcionar a satisfação <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> servi<strong>da</strong><br />
pelo contrato.”. 72<br />
Concluem GUSTAVO TEPEDINO e ANDERSON SCHREIBER que, diante<br />
<strong>da</strong> perspectiva dinâmica <strong>do</strong> vínculo obrigacional, “não se po<strong>de</strong>, <strong>de</strong> fato,<br />
exigir que o cre<strong>do</strong>r permaneça paralisa<strong>do</strong> até o vencimento <strong>da</strong> obrigação,<br />
enquanto o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r evi<strong>de</strong>ncia, por seu comportamento inequívoco, o <strong>de</strong>scumprimento<br />
iminente <strong>do</strong> ajuste.” 73<br />
Diante disso, tem-se que os interesses envolvi<strong>do</strong>s pelo contrato<br />
merecem ser persegui<strong>do</strong>s <strong>da</strong> melhor maneira possível, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a se justificar,<br />
inclusive, a não observância <strong>do</strong> advento <strong>do</strong> termo, frente ao inadimplemento<br />
antecipa<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r.<br />
5. A JURISPRUDÊNCIA<br />
Além <strong>da</strong> crescente aceitação <strong>do</strong> instituto perante a <strong>do</strong>utrina pátria,<br />
o inadimplemento antecipa<strong>do</strong> <strong>do</strong> contrato vem sen<strong>do</strong>, também, reconheci<strong>do</strong><br />
e aplica<strong>do</strong> pelos Tribunais <strong>do</strong> país. Apesar <strong>de</strong> ain<strong>da</strong> serem relativamente<br />
poucos os prece<strong>de</strong>ntes, a quebra antecipa<strong>da</strong> já foi proclama<strong>da</strong> em<br />
diferentes Tribunais <strong>de</strong> Justiça <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s e, inclusive, no Superior <strong>Tribunal</strong><br />
<strong>de</strong> Justiça.<br />
Veja-se, por exemplo, que no primeiro julga<strong>do</strong> <strong>do</strong> país a reconhecer<br />
o inadimplemento anterior ao termo, em razão <strong>da</strong> pouca disseminação <strong>do</strong><br />
instituto na época <strong>do</strong> julgamento – que ocorreu em 1983 – a ruptura<br />
71 op. cit., p. 34.<br />
72 MOTTA PINTO, Carlos Alberto <strong>da</strong>, Cessão <strong>de</strong> Contrato, Saraiva, São Paulo, 1985, p. 239.<br />
73 In AZEVEDO, Álvaro Villaça (coord.), Código Civil Comenta<strong>do</strong> – Direito <strong>da</strong>s Obrigações, v. IV, Atlas, São Paulo,<br />
2008, p. 344.<br />
168<br />
R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 145-172, out.-<strong>de</strong>z. 2011