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Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

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Mas o que dizer então <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r que busca se valer <strong>de</strong>sse benefício<br />

legal na fase <strong>de</strong> cumprimento <strong>de</strong> sentença, após ter resisti<strong>do</strong> à fase<br />

cognitiva e não ter cumpri<strong>do</strong> voluntariamente a con<strong>de</strong>nação jurisdicional<br />

que lhe foi imposta?<br />

A resposta há <strong>de</strong> ser negativa. É fato incontroverso que neste caso,<br />

o <strong>de</strong> cumprimento <strong>de</strong> sentença, já houve o exaurimento <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a fase<br />

cognitiva <strong>do</strong> feito e, ain<strong>da</strong> assim, não houve o pagamento espontâneo <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, pois se tal tivesse ocorri<strong>do</strong> obviamente não se estaria manejan<strong>do</strong><br />

a fase executória menciona<strong>da</strong>.<br />

Alegar que a aplicação subsidiária tornará mais ágil o cumprimento<br />

<strong>de</strong> sentença é beneficiar ain<strong>da</strong> mais o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r que, mesmo já ten<strong>do</strong><br />

um acertamento judicial cognitivo em seu <strong>de</strong>sfavor, continua a se<br />

insurgir injustifica<strong>da</strong>mente contra o direito <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r em receber seu<br />

crédito.<br />

Se a tese abraça<strong>da</strong> pelo art. 745-A <strong>do</strong> CPC foi exatamente a <strong>do</strong> reconhecimento<br />

implícito <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>, como então se aplicar essa norma num<br />

processo em que já houve a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> exercício <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />

e o manejo <strong>de</strong> uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> executória pela inércia <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r ao<br />

cumprimento <strong>de</strong> sua obrigação?<br />

O executa<strong>do</strong>, neste caso sub examem, já po<strong>de</strong> exercitar o direito<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e mesmo assim continua a não reconhecer o direito <strong>do</strong> seu<br />

cre<strong>do</strong>r, pois não pagou a dívi<strong>da</strong> após o trânsito em julga<strong>do</strong>. Incabível<br />

então o favor legal.<br />

A argumentação <strong>de</strong> que a aplicação subsidiária importaria em maior<br />

celeri<strong>da</strong><strong>de</strong> na fase executória não <strong>de</strong>ve seduzir o aplica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> direito, pois<br />

se estaria apenas olhan<strong>do</strong> para uma parte <strong>do</strong> processo, a <strong>do</strong> cumprimento<br />

<strong>de</strong> sentença, sem olhar para to<strong>do</strong> o processo, ignoran<strong>do</strong> o histórico <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong>.<br />

Não há como se escusar <strong>de</strong> enxergar os fatos pretéritos <strong>da</strong>quele<br />

feito. Esse olhar parcial seria uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira midríase jurídica.<br />

Há, ain<strong>da</strong>, outro importante argumento. A regra <strong>do</strong> art. 745-A <strong>do</strong><br />

CPC importa em exceção <strong>da</strong> regra civil <strong>de</strong> que o cre<strong>do</strong>r não po<strong>de</strong> ser obriga<strong>do</strong><br />

a receber o seu crédito fora <strong>do</strong> tempo, forma e lugar que lhe impõe a<br />

lei ou o contrato, tal como se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> <strong>do</strong> art. 314 <strong>do</strong> CC, o qual assevera<br />

que “...Ain<strong>da</strong> que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não<br />

po<strong>de</strong> o cre<strong>do</strong>r ser obriga<strong>do</strong> a receber, nem o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r a pagar, por partes,<br />

se assim não se ajustou”.<br />

210<br />

R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 206-214, out.-<strong>de</strong>z. 2011

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