Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...
Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...
Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Portanto, não po<strong>de</strong> a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> permanecer unipessoal. E essa é<br />
a regra. A exceção a essa regra é aquela prevista no art. 251 <strong>da</strong> Lei nº<br />
6.404/76, que admite a constituição, em caráter originário e permanente,<br />
<strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> unipessoal, em que uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira po<strong>de</strong> ser<br />
a única titular <strong>de</strong> outra socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. É a <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> subsidiária integral.<br />
Mas, frise-se, essa hipótese é uma exceção. E a Lei nº 12.441/2011,<br />
a nosso sentir, não criou outra exceção à regra. Ela tão somente passou a<br />
admitir que esse sócio remanescente requeira a alteração <strong>de</strong> seu registro<br />
<strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> empresária para empresa individual <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> limita<strong>da</strong>,<br />
que é uma pessoa jurídica nova e diferente.<br />
E ain<strong>da</strong>, com a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> vênia ao entendimento contrário, também<br />
pensamos não ser possível consi<strong>de</strong>rá-la como uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> limita<strong>da</strong>. E<br />
isso porque a própria Lei nº 12.441/2011 trouxe o § 6º para o art. 980-A<br />
<strong>do</strong> Código Civil, que prevê que se aplicam à EIRELI, no que couber, as regras<br />
previstas para as socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s limita<strong>da</strong>s.<br />
Ora, se essa pessoa jurídica fosse uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> limita<strong>da</strong>, o legisla<strong>do</strong>r<br />
não precisaria ter trazi<strong>do</strong> essa regra, e tampouco teria feito a observação<br />
<strong>de</strong> que são aplicáveis as regras <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> limita<strong>da</strong> apenas no que<br />
couber. Trata-se, pois, <strong>de</strong> mera aplicação subsidiária, e não direta. Caso<br />
tivesse a EIRELI a natureza <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> limita<strong>da</strong>, seria normal essa<br />
última hipótese, ou seja, a <strong>de</strong> aplicação direta <strong>da</strong>s regras <strong>da</strong> limita<strong>da</strong> 15 , e<br />
não uma mera aplicação subsidiária.<br />
Sustentamos, por essa razão, que a empresa individual <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
limita<strong>da</strong> é uma nova pessoa jurídica, distinta <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as <strong>de</strong>mais,<br />
que também exerce a empresa. Assim como há socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s que não<br />
são empresárias, ou seja, que não exercem a empresa, admite a lei, a partir<br />
<strong>de</strong> agora, que outra pessoa jurídica também exerça a empresa, in casu,<br />
a empresa individual <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> limita<strong>da</strong>.<br />
Temos assim, hodiernamente, em nosso or<strong>de</strong>namento, socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
empresárias e não empresárias, e outras pessoas jurídicas que po<strong>de</strong>m ser<br />
empresárias – a EIRELI – e não empresárias, como as associações, por<br />
exemplo.<br />
A unipessoali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> EIRELI po<strong>de</strong> ser originária ou superveniente.<br />
Pelo caput <strong>do</strong> art. 980-A <strong>do</strong> Código Civil, a empresa individual <strong>de</strong> respon-<br />
15 O professor Sérgio Campinho respon<strong>de</strong> a essa questão afirman<strong>do</strong> que “[a] ressalva legal ‘no que couber’ (§ 6º,<br />
<strong>do</strong> artigo 980-A) quer significar que o feixe positivo <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> limita<strong>da</strong> disciplinará complementarmente a EIRELI,<br />
salvo em relação àquelas regras que pressuponham a plurali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sócios”. CAMPINHO. op. cit. p. 285.<br />
R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 215-234, out.-<strong>de</strong>z. 2011 229