Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...
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Uma tal questão não po<strong>de</strong> ser posta quanto à vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />
própria regra <strong>de</strong> reconhecimento que faculta os critérios;<br />
esta não po<strong>de</strong> ser váli<strong>da</strong> ou inváli<strong>da</strong>, mas é simplesmente<br />
aceita como apropria<strong>da</strong> para tal utilização. Expressar este<br />
simples fato dizen<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma pouco clara que a sua vali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
é ´suposta, mas não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong>´, é como dizer<br />
que supomos, mas não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>monstrar, que a barra <strong>do</strong><br />
metro-padrão em Paris, que é o teste último <strong>da</strong> correção <strong>de</strong><br />
to<strong>da</strong> medi<strong>da</strong> métrica, é ela própria correta. 17<br />
Assim, é possível i<strong>de</strong>ntificar distinção entre a grundnorm <strong>de</strong> Kelsen<br />
e a rule of recognition <strong>de</strong> Hart: enquanto a existência ou vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> primeira<br />
<strong>de</strong>veria ser objeto <strong>de</strong> pressuposição, esta última não é váli<strong>da</strong> nem<br />
inváli<strong>da</strong> – expressa uma existência fática, isto é, um fato efetivo referente<br />
à forma pela qual são i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s as regras <strong>de</strong> um sistema eficaz.<br />
3. DECISÃO JUDICIAL E A TEORIA DOS PRINCÍPIOS<br />
3.1. Para além <strong>do</strong> texto: superação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo positivista na contemporanei<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Muito embora <strong>do</strong>ta<strong>da</strong> <strong>de</strong> alto grau <strong>de</strong> generali<strong>da</strong><strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong><br />
que sob sua rubrica po<strong>de</strong>m ser incluí<strong>da</strong>s múltiplas escolas <strong>do</strong> pensamento<br />
jurídico que guar<strong>da</strong>m importantes distinções teóricas entre si, certo é que<br />
a expressão “pós-positivismo” 18 ou mesmo “neopositivismo” 19 tem si<strong>do</strong><br />
atualmente utiliza<strong>da</strong> para <strong>de</strong>signar mo<strong>de</strong>los que representam uma ruptura<br />
com o positivismo jurídico, principalmente no que se refere à rígi<strong>da</strong><br />
separação entre o Direito e a Moral e a Política.<br />
Com efeito, o fim <strong>da</strong> Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial, com a <strong>de</strong>rrota <strong>do</strong><br />
fascismo na Itália e nazismo na Alemanha e a perplexi<strong>da</strong><strong>de</strong> planetária<br />
com as <strong>de</strong>sumani<strong>da</strong><strong>de</strong>s pratica<strong>da</strong>s sob amparo <strong>da</strong> legali<strong>da</strong><strong>de</strong> (<strong>de</strong> que são<br />
exemplos marcantes o campo <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> Treblinka e a explosão<br />
<strong>da</strong>s bombas atômicas em Hiroshima e Nagazaki), impôs uma releitura <strong>da</strong>s<br />
17 Ibi<strong>de</strong>m, p. 120.<br />
18 Por to<strong>do</strong>s, v. BARROSO, Luís Roberto. Curso <strong>de</strong> Direito Constitucional Contemporâneo. São Paulo: Saraiva,<br />
2009, p. 242.<br />
19 Cf, CAMBI, Eduar<strong>do</strong>. Neoconstitucionalismo e neoprocessualismo – direitos fun<strong>da</strong>mentais, políticas públicas e<br />
protagonismo judiciário. São Paulo: Revista <strong>do</strong>s Tribunais, 2009, p. 78.<br />
132<br />
R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 125-144, out.-<strong>de</strong>z. 2011