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Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

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<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ter aplicação meramente secundária, como forma<br />

<strong>de</strong> preencher lacunas, para ter relevância jurídica na conformação<br />

judicial <strong>do</strong>s direitos.<br />

Nessa linha, por exemplo, o artigo 126 <strong>do</strong> CPC, reprodução<br />

<strong>do</strong> art. 4º <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> Introdução às normas <strong>do</strong> Direito Brasileiro<br />

15 , que é <strong>de</strong> 1942, consagra a proibição ao non liquet,<br />

impon<strong>do</strong> ao magistra<strong>do</strong> ter que <strong>de</strong>cidir o litígio, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

abster-se. Tal artigo <strong>de</strong>monstra esse resquício, pois não<br />

resiste às interpretações evolutivas <strong>do</strong> direito nem as teológicas<br />

<strong>do</strong> papel <strong>do</strong> juiz, na medi<strong>da</strong> em que a norma jurídica,<br />

enquanto resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo hermenêutico, não mais se<br />

enquadra na arcaica visão <strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão enquanto um silogismo<br />

jurídico (premissa maior: a regra jurídica; premissa menor:<br />

os fatos; e conclusão), seja porque se a<strong>do</strong>ta no Brasil,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Constituição Republicana <strong>de</strong> 1891, o judicial review<br />

(isto é, o controle difuso <strong>da</strong> constitucionali<strong>da</strong><strong>de</strong>), nos mol<strong>de</strong>s<br />

norte-americanos, <strong>de</strong>corrente <strong>do</strong> caso Marbury vs. Madison<br />

(1803), com a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se negar – no plano formal<br />

e/ou material - vali<strong>da</strong><strong>de</strong> à regra jurídica por se opor a um<br />

princípio constitucional, seja porque a técnica legislativa se<br />

ampara ca<strong>da</strong> vez mais nas cláusulas gerais (p. ex., art. 421,<br />

CC/02, ao tratar <strong>da</strong> função social <strong>do</strong> contrato; art. 1228 §1°<br />

CC/02, ao prever a função social <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>; art. 113 <strong>do</strong><br />

CC/02, preven<strong>do</strong> que os contratos <strong>de</strong>vem ser interpreta<strong>do</strong>s à<br />

luz <strong>da</strong> boa-fé etc.), sen<strong>do</strong> os textos legislativos polissêmicos,<br />

a possibilitar mais <strong>de</strong> uma interpretação possível.<br />

Em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com esse artigo, os “princípios gerais <strong>do</strong><br />

direito” são a última fonte <strong>de</strong> integração <strong>da</strong>s lacunas legislativas.<br />

Há uma grave imprecisão, ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> à nova reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> pensamento jurídico. Em 1942, norma era a lei, entendi<strong>da</strong><br />

como regra; princípios não tinham eficácia normativa;<br />

<strong>de</strong>pendiam <strong>da</strong>s regras para concretizar-se. O pensamento<br />

mu<strong>do</strong>u; a interpretação há <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>r, também. O juiz não <strong>de</strong>ci<strong>de</strong><br />

a “li<strong>de</strong>” com base na lei; o juiz <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> a “li<strong>de</strong>” conforme<br />

15 Re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong><strong>da</strong> pela Lei n. 12.376/10, em que foi substituí<strong>da</strong> a vetusta expressão “Lei <strong>de</strong> Introdução ao Código<br />

Civil”, que notoriamente estava equivoca<strong>da</strong>.<br />

R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 74-107, out.-<strong>de</strong>z. 2011 83

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