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Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

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E é aqui que Durkheim promove, em bases objetivas, o entrelaçamento<br />

<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is fatos sociais ora estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s. Para ele, é a prepon<strong>de</strong>rância<br />

numérica <strong>de</strong> normas repressivas, ou <strong>de</strong> normas restitutivas, num <strong>da</strong><strong>do</strong> or<strong>de</strong>namento<br />

jurídico, o reflexo material <strong>da</strong> morali<strong>da</strong><strong>de</strong> vigente na respectiva<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>: se fruto <strong>de</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> mecânica ou <strong>de</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

orgânica. E é a partir <strong>de</strong>ssa premissa, que ele conclui se se está diante, ou<br />

não, <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> complexa; isto é, se se está diante, ou não, <strong>de</strong> uma<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em que a divisão <strong>do</strong> trabalho social é intensa.<br />

Quanto mais prepon<strong>de</strong>rarem normas restitutivas, mais intensifica<strong>da</strong><br />

estará a divisão <strong>do</strong> trabalho social; quanto mais prevalecentes forem as<br />

repressivas, menos <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> tal divisão.<br />

Explica-se.<br />

A prepon<strong>de</strong>rância numérica <strong>de</strong> normas jurídicas repressivas numa<br />

certa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> representa que ali vigora uma soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> tipo mecânica<br />

(ou por similitu<strong>de</strong>s). Isso porque tal prepon<strong>de</strong>rância representa que a<br />

maioria <strong>da</strong>s transgressões, <strong>do</strong>s <strong>de</strong>svios comportamentais, é caracteriza<strong>da</strong><br />

como crime e, por conta <strong>de</strong>ssa quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, imputa-se ao agente um sofrimento,<br />

um castigo. Ora, argumenta Durkheim, se são, na maioria <strong>da</strong>s vezes,<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s crimes as transgressões numa <strong>da</strong><strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, assim é porque<br />

elas atingem frontalmente a sua consciência coletiva, corporifican<strong>do</strong><br />

atos universalmente reprova<strong>do</strong>s – mais <strong>do</strong> que isso, universalmente e fortemente<br />

reprova<strong>do</strong>s – pela média <strong>do</strong>s membros <strong>da</strong>quela socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O conjunto <strong>da</strong>s crenças e <strong>do</strong>s sentimentos comuns à média<br />

<strong>do</strong>s membros <strong>de</strong> uma mesma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> forma um sistema<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> que tem vi<strong>da</strong> própria: po<strong>de</strong>mos chamá-lo <strong>de</strong><br />

consciência coletiva ou comum.<br />

(...)<br />

[Os crimes] não são apenas grava<strong>do</strong>s em to<strong>da</strong>s as consciências:<br />

são fortemente grava<strong>do</strong>s. Não são velei<strong>da</strong><strong>de</strong>s hesitantes<br />

e superficiais, mas emoções e tendências fortemente<br />

arraiga<strong>da</strong>s em nós. O que o prova é a extrema lentidão com<br />

a qual o direito penal evolui. 11<br />

Diz-se que se está diante, então, <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> simples (ou<br />

primitiva) uma vez que, aí, na maior parte <strong>da</strong>s vezes, as consciências<br />

11 DURKHEIM, É. Op. Cit,.2004, p. 47-8.<br />

184<br />

R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 179-192, out.-<strong>de</strong>z. 2011

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