26.11.2014 Views

Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

obrigação total, como pela recusa em cumprir o contrato nos termos e na<br />

forma pactua<strong>da</strong>. 33 Percebe-se, assim, que não há a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que a<br />

recusa se dê <strong>de</strong> maneira absoluta, bastan<strong>do</strong> que o repúdio se volte aos<br />

termos previstos no contrato.<br />

3.1.2 Necessária aceitação <strong>do</strong> Cre<strong>do</strong>r X Ciência <strong>do</strong> Cre<strong>do</strong>r<br />

Outra questão acerca <strong>do</strong>s elementos objetivos <strong>do</strong> repúdio diz respeito<br />

à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou não <strong>de</strong> aceitação por parte <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r. Isso porque<br />

existem <strong>do</strong>is entendimentos <strong>do</strong>utrinários acerca <strong>do</strong> momento em que o<br />

repúdio se mostrará, <strong>de</strong> fato, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> eficácia.<br />

Há quem enten<strong>da</strong> que a ciência <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r, por si só, garante a<br />

produção <strong>do</strong>s efeitos <strong>do</strong> repúdio, não sen<strong>do</strong> necessária qualquer manifestação<br />

positiva <strong>da</strong> contraparte. De acor<strong>do</strong> com essa noção, a recusa<br />

prescin<strong>de</strong> <strong>de</strong> aceitação. É essa, por exemplo, a visão <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong> por<br />

ALINE TERRA, 34 que, ao enquadrar a recusa expressa <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r como<br />

<strong>de</strong>claração receptícia <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> – ou seja, que possui uma <strong>de</strong>stinação<br />

específica e, portanto, requer apenas o recebimento pelo <strong>de</strong>stinatário<br />

final –, <strong>de</strong>monstra que a ciência <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r se mostra suficiente para a<br />

produção <strong>do</strong>s efeitos <strong>do</strong> repúdio.<br />

Diferentemente <strong>de</strong>ssa posição, ANELISE BECKER 35 enten<strong>de</strong> que somente<br />

haverá inadimplemento quan<strong>do</strong> também a contraparte o consi<strong>de</strong>rar.<br />

Segun<strong>do</strong> a autora, é plenamente cabível que, caso o cre<strong>do</strong>r assim<br />

<strong>de</strong>seje, possa <strong>da</strong>r como ineficaz a notícia <strong>da</strong> intenção <strong>de</strong> não adimplir, tornan<strong>do</strong><br />

sem efeito o repúdio e aguar<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-se o advento <strong>do</strong> termo contratual.<br />

No entanto, a própria autora ressalta que não é permiti<strong>do</strong> ao cre<strong>do</strong>r<br />

manter o contrato unicamente com o propósito <strong>de</strong>, em oposição à recusa,<br />

exigir <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r o pagamento <strong>do</strong> preço total <strong>da</strong> avença. Tratar-se-ia, nesse<br />

caso, <strong>de</strong> exercício abusivo <strong>do</strong> direito <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r. 36 Além disso, po<strong>de</strong>-se<br />

dizer que a referi<strong>da</strong> não aceitação pelo cre<strong>do</strong>r iria <strong>de</strong> encontro com a já<br />

cita<strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> mitigação <strong>da</strong>s per<strong>da</strong>s, pelo que lhe será imputável to<strong>do</strong> o<br />

<strong>da</strong>no que conscientemente <strong>de</strong>ixou-se <strong>de</strong> evitar.<br />

Sem retirar a importância <strong>do</strong> posicionamento <strong>da</strong> primeira autora,<br />

enten<strong>de</strong>-se que a segun<strong>da</strong> visão se mostra mais condizente com a dinâ-<br />

33 MARTINS, Raphael Manhães, ob. cit., p. 168.<br />

34 op. cit. p. 97.<br />

35 op. cit. p. 73.<br />

36 BECKER, Anelise, Op. cit., p. 74.<br />

R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 145-172, out.-<strong>de</strong>z. 2011 155

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!