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Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

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cional, na qual, em razão <strong>da</strong> inutilização <strong>do</strong> termo, a dívi<strong>da</strong> se <strong>do</strong>taria<br />

automaticamente <strong>de</strong> exigibili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Não obstante, há quem argumente pela inaplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> instituto<br />

em razão <strong>do</strong> disposto no art. 939 <strong>do</strong> Código Civil, 63 que prevê a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

civil <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r que <strong>de</strong>man<strong>da</strong> a dívi<strong>da</strong> antes <strong>do</strong> seu próprio<br />

vencimento, violan<strong>do</strong> o benefício constituí<strong>do</strong> pelo termo contratual. Nesse<br />

senti<strong>do</strong>, a quebra antecipa<strong>da</strong> não po<strong>de</strong>ria gerar os efeitos <strong>do</strong> inadimplemento<br />

regular e, para piorar, ain<strong>da</strong> estaria sujeita às sanções impostas<br />

pelo referi<strong>do</strong> dispositivo.<br />

A <strong>do</strong>utrina reafirma a aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> instituto no or<strong>de</strong>namento<br />

jurídico brasileiro, esclarecen<strong>do</strong> que: “As situações contempla<strong>da</strong>s pelo art.<br />

939 em na<strong>da</strong> se assemelham ao inadimplemento antecipa<strong>do</strong>, lembran<strong>do</strong>se<br />

que neste caso o cre<strong>do</strong>r age antes <strong>do</strong> termo para evitar que os prejuízos<br />

que lhe foram causa<strong>do</strong>s pelo <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r sejam amplia<strong>do</strong>s.” 64 . Isso porque,<br />

nas hipóteses abarca<strong>da</strong>s pelo referi<strong>do</strong> artigo, o cre<strong>do</strong>r que <strong>de</strong>man<strong>da</strong> a<br />

dívi<strong>da</strong> antecipa<strong>da</strong>mente assim o faz mediante manifesta má-fé, isto é,<br />

buscan<strong>do</strong> a obtenção <strong>de</strong> um benefício que não lhe é <strong>de</strong> direito. Já no caso<br />

<strong>da</strong> ruptura antecipa<strong>da</strong>, o cre<strong>do</strong>r assim o faz por não lhe restar alternativa<br />

ante a evi<strong>de</strong>nte violação contratual <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r – neste caso, ao invés <strong>de</strong><br />

se buscar um benefício in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, preten<strong>de</strong>-se apenas mitigar as per<strong>da</strong>s,<br />

por meio <strong>da</strong> antecipação <strong>do</strong> termo.<br />

Como se vê, apesar <strong>do</strong>s argumentos em contrário, a <strong>do</strong>utrina vem<br />

ca<strong>da</strong> vez mais se posicionan<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> instituto no<br />

or<strong>de</strong>namento jurídico pátrio. Diante disso, impõe-se <strong>de</strong>senvolver a análise<br />

<strong>do</strong>s argumentos favoráveis a essa aplicação.<br />

4.3 O Princípio <strong>da</strong> Boa-Fé Objetiva e a confiança entre as partes<br />

Um forte argumento a viabilizar o inadimplemento antecipa<strong>do</strong> no<br />

direito brasileiro diz respeito, especificamente, aos <strong>de</strong>veres <strong>de</strong>correntes<br />

<strong>do</strong> princípio <strong>da</strong> boa-fé objetiva. Com efeito, ocorre que tais <strong>de</strong>veres <strong>de</strong><br />

conduta — mesmo quan<strong>do</strong> as partes não os tenham expressamente <strong>de</strong>clara<strong>do</strong><br />

no contrato — não po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong>s e participarão<br />

<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong> relação obrigacional. É o que explica JORGE CESA<br />

FERREIRA DA SILVA ao enunciar que, mesmo quan<strong>do</strong> não <strong>de</strong>clara<strong>do</strong>s, os<br />

63 “Art. 939. O cre<strong>do</strong>r que <strong>de</strong>man<strong>da</strong>r o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r antes <strong>de</strong> venci<strong>da</strong> a dívi<strong>da</strong>, fora <strong>do</strong>s casos em que a lei o permita,<br />

ficará obriga<strong>do</strong> a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a <strong>de</strong>scontar os juros correspon<strong>de</strong>ntes, embora<br />

estipula<strong>do</strong>s, e a pagar as custas em <strong>do</strong>bro.”<br />

64 LABOURIAU, Miguel, op. cit., p. 117.<br />

R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 145-172, out.-<strong>de</strong>z. 2011 165

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