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Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

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A Extinção <strong>da</strong> Prisão <strong>do</strong> Deve<strong>do</strong>r<br />

<strong>de</strong> Alimentos será a Solução <strong>de</strong><br />

que Problema Social?<br />

Daniel Roberto Hertel<br />

Professor titular <strong>de</strong> Direito Processual Civil <strong>do</strong> Centro<br />

Superior <strong>de</strong> Ciências Sociais <strong>de</strong> Vila Velha/ES e <strong>da</strong><br />

Escola <strong>da</strong> Magistratura <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

Está sen<strong>do</strong> discuti<strong>da</strong> uma alteração legislativa que extinguirá a pena<br />

<strong>de</strong> prisão <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r <strong>de</strong> alimentos ou a tratará apenas como uma medi<strong>da</strong><br />

residual. Para aqueles que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que ela <strong>de</strong>verá ser uma medi<strong>da</strong><br />

residual, primeiramente <strong>de</strong>verá ser utiliza<strong>do</strong> o protesto <strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão judicial<br />

que estabeleceu a pensão alimentícia. Caso insuficiente o protesto, será<br />

<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> a prisão em regime bem atenua<strong>do</strong>, bem bran<strong>do</strong>, como se<br />

fosse um regime semiaberto. A prisão <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s alimentos seria,<br />

assim, a última medi<strong>da</strong> a ser utiliza<strong>da</strong>.<br />

Cumpre esclarecer que a prisão <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r <strong>de</strong> alimentos está prevista<br />

no or<strong>de</strong>namento jurídico brasileiro há déca<strong>da</strong>s. De fato, a legislação<br />

autoriza a prisão <strong>da</strong>quele que não paga os alimentos pelo prazo <strong>de</strong> um a<br />

três meses. Trata-se <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> coagir o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r ao pagamento <strong>da</strong>s<br />

prestações alimentícias. Por outras palavras: o seu escopo não é punir o<br />

<strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, mas constrangê-lo, coagi-lo ao adimplemento <strong>da</strong> sua obrigação.<br />

Particularmente, não comungo com a proposta <strong>de</strong> alteração normativa.<br />

A prisão <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r <strong>de</strong> alimentos, na prática, é extremamente<br />

útil e eficaz. De fato, muitos <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>res <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> cumprir<br />

voluntariamente com o pagamento <strong>da</strong> prestação alimentícia, somente<br />

cumprin<strong>do</strong>-o quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>creta<strong>da</strong> a medi<strong>da</strong> coercitiva.<br />

Não se po<strong>de</strong> olvi<strong>da</strong>r que a prisão <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r <strong>de</strong> alimentos, em<br />

última análise, visa a preservar a própria vi<strong>da</strong> e a própria digni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

cre<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s alimentos. Para ilustrar essa assertiva, basta imaginar uma<br />

situação na qual um pai não pague pensão para um filho que está acometi<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> alguma <strong>do</strong>ença gravíssima. Como ficaria a digni<strong>da</strong><strong>de</strong> e a vi<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>ssa criança? É justo afastar-se a pena <strong>de</strong> prisão para o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r que<br />

72<br />

R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 72-73, out.-<strong>de</strong>z. 2011

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