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Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

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Mesmo seguin<strong>do</strong> to<strong>do</strong> esse caminho, Hércules sabe <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> encontrar <strong>de</strong>cisões incoerentes. Por isso precisa também <strong>de</strong> uma<br />

teoria sobre os erros. Ele construirá a primeira parte <strong>de</strong> sua teoria <strong>do</strong>s<br />

erros por meio <strong>de</strong> <strong>do</strong>is conjuntos <strong>de</strong> distinções, in verbis:<br />

Em primeiro lugar, distinguirá entre, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, a autori<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

específica <strong>de</strong> qualquer evento institucional, que correspon<strong>de</strong><br />

ao seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> produzir, enquanto ato institucional,<br />

exatamente aquelas consequências institucionais que <strong>de</strong>screve<br />

e, por outro la<strong>do</strong>, sua força gravitacional. Se Hércules<br />

classificar algum evento como erro, ele não negará sua<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong> específica, mas estará negan<strong>do</strong> sua força gravitacional,<br />

e não po<strong>de</strong> então, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> consistente, apelar<br />

para essa força em outros argumentos. Ele também distinguirá<br />

entre erros enraiza<strong>do</strong>s e erros passíveis <strong>de</strong> correção;<br />

os primeiros são aqueles cuja autori<strong>da</strong><strong>de</strong> específica acha-se<br />

estabeleci<strong>da</strong> <strong>de</strong> tal maneira que ela sobrevive à per<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

sua força gravitacional; os segun<strong>do</strong>s são aqueles cuja autori<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

específica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> força gravitacional, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />

que ele não po<strong>de</strong> sobreviver à per<strong>da</strong> <strong>de</strong>la. 35<br />

A segun<strong>da</strong> parte <strong>da</strong> sua teoria <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>monstrar que é melhor que<br />

exista uma teoria <strong>do</strong>s erros <strong>do</strong> que o seu não reconhecimento. Hércules<br />

utilizará duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> argumentos para <strong>de</strong>monstrar que uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong><br />

corrente jurispru<strong>de</strong>ncial está erra<strong>da</strong>. Irá se valer <strong>de</strong> argumentos históricos<br />

ou <strong>de</strong> uma percepção geral <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, para mostrar que um<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> princípio que já foi historicamente importante hoje não é<br />

mais, não exerce força suficiente para gerar uma <strong>de</strong>cisão jurídica. Também<br />

utilizará argumentos <strong>de</strong> morali<strong>da</strong><strong>de</strong> política, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> que tal<br />

<strong>de</strong>cisão ou princípio fere a equi<strong>da</strong><strong>de</strong>. 36<br />

Dworkin respon<strong>de</strong> ain<strong>da</strong> a uma eventual objeção, que ele chama <strong>de</strong><br />

“política”, segun<strong>do</strong> a qual Hércules <strong>de</strong>cidiria com base em suas próprias<br />

convicções e preferências, o que pareceria injusto, contrário à <strong>de</strong>mocracia e<br />

ofensivo ao princípio geral <strong>de</strong> direito. A esse respeito, assinala Dworkin:<br />

Trata-se, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma objeção ao fato <strong>de</strong> ele (e aqui<br />

ele se refere ao juiz Hércules) confiar na soli<strong>de</strong>z <strong>de</strong> algumas<br />

35 Ibi<strong>de</strong>m, p. 189.<br />

36 Ibi<strong>de</strong>m, p. 192.<br />

R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 125-144, out.-<strong>de</strong>z. 2011 141

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