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Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

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estitutiva, está-se em presença <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> complexa, cujo vínculo<br />

<strong>de</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> social, basea<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma prepon<strong>de</strong>rante na cooperação<br />

<strong>do</strong>s indivíduos, <strong>de</strong>riva especialmente <strong>da</strong> divisão <strong>do</strong> trabalho<br />

social, à mo<strong>da</strong> <strong>de</strong> um organismo, em relação a suas células, teci<strong>do</strong>s e<br />

órgãos: ca<strong>da</strong> um com sua função particular; to<strong>do</strong>s jungi<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />

ao fim e ao cabo, <strong>de</strong> uma mesma causa-final, que é o bom funcionamento<br />

<strong>do</strong> conjunto.<br />

Em bela síntese, nosso autor anota: “[c]ooperar, <strong>de</strong> fato, é dividir<br />

uma tarefa comum” (Durkheim: 2004, p. 100).<br />

Para Durkheim (2004, p. 422-3), é a intensificação <strong>da</strong> divisão <strong>do</strong><br />

trabalho social o motivo <strong>de</strong>terminante <strong>da</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> orgânica, uma vez<br />

que <strong>de</strong>la provém o processo correlato <strong>de</strong> diferenciação <strong>da</strong>s consciências<br />

individuais – entre elas mesmas e, consequentemente, em relação à consciência<br />

coletiva (comum). Na mesma medi<strong>da</strong> em que se especializam as<br />

funções <strong>do</strong>s indivíduos, formam-se personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s díspares, grupos especiais<br />

e setoriza<strong>do</strong>s, que aos poucos vão per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a noção <strong>do</strong> to<strong>do</strong>. Não<br />

obstante isso, conscientes ou não, to<strong>do</strong>s estão vincula<strong>do</strong>s por inúmeros<br />

elos <strong>de</strong> cooperação, sem os quais a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> se dissolveria.<br />

O escopo <strong>de</strong> uma análise sociológica sobre a divisão <strong>do</strong> trabalho<br />

social, como a feita por Durkheim, seria, então, revelar a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

cooperativa, orgânica, <strong>da</strong>í oriun<strong>da</strong>.<br />

Em resumo: o papel <strong>da</strong>s semelhanças sociais, nas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s simples,<br />

é exerci<strong>do</strong> pela divisão <strong>do</strong> trabalho social, nas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s complexas;<br />

naquelas são as similitu<strong>de</strong>s, nestas a divisão <strong>do</strong> trabalho, a fonte primordial<br />

<strong>da</strong> coesão social. Provam-no, segun<strong>do</strong> nosso autor, o progressivo encolhimento<br />

verifica<strong>do</strong> pelas normas jurídicas repressivas, e a consequente<br />

ampliação <strong>da</strong>s normas jurídicas restitutivas, à medi<strong>da</strong> que a divisão <strong>do</strong><br />

trabalho social avança e as socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s se tornam mais complexas.<br />

3 - Direito e morali<strong>da</strong><strong>de</strong> social: algumas reflexões<br />

Durkheim buscou no Direito o <strong>da</strong><strong>do</strong> empírico <strong>da</strong> moral, cren<strong>do</strong> que,<br />

sem isso, sem um fato concreto, observável e objetivo que lhe <strong>de</strong>sse suporte,<br />

suas conclusões per<strong>de</strong>riam em cientifici<strong>da</strong><strong>de</strong>. A <strong>de</strong>fesa veemente<br />

<strong>de</strong>ssa etapa <strong>de</strong> seu raciocínio é revela<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> um positivismo sociológico<br />

hoje ultrapassa<strong>do</strong>. No entanto, seria um grave erro relegar a um traço<br />

186<br />

R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 179-192, out.-<strong>de</strong>z. 2011

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