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Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

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taria a aplicação <strong>da</strong> quebra antecipa<strong>da</strong> <strong>do</strong> contrato, uma vez que esse artigo<br />

elenca hipóteses nas quais assiste ao cre<strong>do</strong>r o direito <strong>de</strong> cobrar a dívi<strong>da</strong><br />

antes <strong>do</strong> vencimento, sem mencionar, no entanto, a quebra antecipa<strong>da</strong><br />

<strong>do</strong> contrato. Ten<strong>do</strong> em vista que gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> <strong>do</strong>utrina 59 se posiciona<br />

no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> taxativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> dispositivo e <strong>da</strong> impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inserção<br />

<strong>de</strong> outras hipóteses <strong>de</strong> vencimento antecipa<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>r-se-ia consi<strong>de</strong>rar<br />

como inaplicável a quebra antecipa<strong>da</strong> no nosso or<strong>de</strong>namento.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a própria <strong>do</strong>utrina afirma que o rol <strong>de</strong> hipóteses<br />

<strong>do</strong> art. 333 <strong>do</strong> Código Civil se justifica em razão <strong>de</strong> uma aparente justiça,<br />

ten<strong>do</strong> em vista que “os fatos que conferem ao cre<strong>do</strong>r o direito <strong>de</strong> cobrar<br />

imediatamente um crédito vincen<strong>do</strong> são <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> a diminuir a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> recebimento, se se fosse aguar<strong>da</strong>r até o termo final” 60 . Por isso,<br />

não haveria como admitir que tal dispositivo, cuja precípua função é exatamente<br />

a <strong>de</strong> proteger o cre<strong>do</strong>r, pu<strong>de</strong>sse servir <strong>de</strong> óbice à configuração <strong>do</strong><br />

inadimplemento antecipa<strong>do</strong>.<br />

Corroboran<strong>do</strong> esse entendimento, JUDITH MARTINS-COSTA, em comentário<br />

ao aludi<strong>do</strong> dispositivo, observa que “a hipótese prevista no art.<br />

333 é <strong>de</strong> vencimento antecipa<strong>do</strong> <strong>da</strong> prestação, e não a <strong>do</strong> cumprimento<br />

antes <strong>do</strong> termo, pelo <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, ao seu alvedrio, quan<strong>do</strong> isso é possível.” 61 .<br />

Mais ain<strong>da</strong>, em contra-argumentação à tese <strong>da</strong> inaplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

instituto, ALINE TERRA afirma que, na hipótese <strong>de</strong> inadimplemento anterior<br />

ao termo, não seria preciso: “se valer <strong>de</strong> estratagema jurídico para<br />

autorizar o cre<strong>do</strong>r a exigir seu crédito; essa possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> lhe é ofereci<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento em que o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r viola a prestação <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>, que passa<br />

a ser imediatamente exigível, uma vez que o termo, ao <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> realizar<br />

a função para a qual foi concedi<strong>do</strong>, per<strong>de</strong> a tutela no or<strong>de</strong>namento<br />

jurídico.” 62 . Sen<strong>do</strong> assim, ain<strong>da</strong> que o rol <strong>do</strong> art. 333 fosse taxativo, não<br />

seria necessária a previsão expressa <strong>da</strong> ruptura antecipa<strong>da</strong> <strong>do</strong> contrato,<br />

pois a comprova<strong>da</strong> violação contratual se mostraria como situação excep-<br />

II - se os bens, hipoteca<strong>do</strong>s ou empenha<strong>do</strong>s, forem penhora<strong>do</strong>s em execução por outro cre<strong>do</strong>r;<br />

III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias <strong>do</strong> débito, fi<strong>de</strong>jussórias, ou reais, e o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, intima<strong>do</strong>,<br />

se negar a reforçá-las.”<br />

59 CASTRO FILHO in ALVIM, Arru<strong>da</strong> e ALVIM, Thereza (coord.), Comentários ao Código Civil Brasileiro, v. IV, Forense,<br />

<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, 2006, p. 111.<br />

60 RODRIGUES, Silvio, Direito Civil, v. II, 30ª Edição, Saraiva, São Paulo, 2002, p. 162.<br />

61 Comentários ao Novo Código Civil, v. V, Tomo I, Forense, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, 2003, p. 344-345.<br />

62 op. cit., p. 215.<br />

164<br />

R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 145-172, out.-<strong>de</strong>z. 2011

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