Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...
Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...
Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A afirmação <strong>da</strong> autonomia científica <strong>do</strong> direito processual foi uma<br />
gran<strong>de</strong> preocupação <strong>de</strong>sse perío<strong>do</strong>, em que as gran<strong>de</strong>s estruturas <strong>do</strong> sistema<br />
foram traça<strong>da</strong>s e os conceitos largamente discuti<strong>do</strong>s e amadureci<strong>do</strong>s.<br />
Tal fase caracterizou-se por ser muito introspectiva; era o processo<br />
pelo processo. E, a rigor, tornou-se autofágica, distancia<strong>da</strong> <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
geran<strong>do</strong> um culto exagera<strong>do</strong> as formas processuais, no afã <strong>de</strong> enfatizar a<br />
autonomia científica.<br />
2.3. Instrumentalismo<br />
O processo, embora autônomo, passa a ser encara<strong>do</strong> como instrumento<br />
<strong>de</strong> realização <strong>do</strong> direito material, a serviço <strong>da</strong> paz social. Como a<br />
primeira fase meto<strong>do</strong>lógica não visualizava o processo como instituição<br />
autônoma, a segun<strong>da</strong> fase acabou enfatizan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>masia<strong>da</strong>mente, a técnica,<br />
o formalismo.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, surgiu a instrumentali<strong>da</strong><strong>de</strong>, negan<strong>do</strong> o caráter puramente<br />
técnico <strong>do</strong> processo, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> que o processo não é um<br />
fim em si mesmo, mas um meio para se atingir um fim, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />
i<strong>de</strong>ologia <strong>de</strong> acesso à justiça. Essa fase é, eminentemente, crítica, pois<br />
o processualista mo<strong>de</strong>rno sabe que a sua ciência atingiu níveis expressivos<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, porém o sistema ain<strong>da</strong> é falho na sua missão <strong>de</strong><br />
produzir justiça. O processo passou a ser analisa<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s<br />
práticos, levan<strong>do</strong> em conta o consumi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> serviço judiciário.<br />
Cumpre registrar que tal fase ain<strong>da</strong> não exauriu o seu potencial reformista,<br />
mas já se formou a consciência <strong>do</strong> relevante papel <strong>do</strong> sistema<br />
processual e <strong>de</strong> sua complexa missão perante a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e o Esta<strong>do</strong>.<br />
Para tanto, basta recor<strong>da</strong>rmos <strong>do</strong>s Juiza<strong>do</strong>s Especiais Cíveis, <strong>da</strong> ação civil<br />
pública, <strong>do</strong> man<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança individual e coletivo, <strong>da</strong> Defensoria<br />
Pública, <strong>do</strong> CDC etc.<br />
Não obstante se reconheçam as diferenças funcionais entre o direito<br />
processual e o direito material, estabelece-se entre eles uma relação circular<br />
<strong>de</strong> inter<strong>de</strong>pendência: o direito processual concretiza e efetiva o direito<br />
material, que confere ao primeiro o seu senti<strong>do</strong>. É a chama<strong>da</strong> teoria circular<br />
<strong>do</strong>s planos processual e material, na visão <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> por Carnelutti na<br />
qual o processo serve ao direito material, ao mesmo tempo em que é servi<strong>do</strong><br />
por ele.<br />
78<br />
R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 74-107, out.-<strong>de</strong>z. 2011