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Diretoria da EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado do Rio ...

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<strong>da</strong> boa-fé objetiva – impõe aos contratantes uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>veres <strong>de</strong> conduta,<br />

que extrapolam as disposições contratuais. Exigem-se ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros<br />

comportamentos <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, não apenas ten<strong>de</strong>ntes ao cumprimento <strong>de</strong><br />

sua obrigação, mas vincula<strong>do</strong>s à observância <strong>de</strong> inúmeros <strong>de</strong>veres laterais,<br />

os quais se ligam, principalmente, à satisfação <strong>da</strong>s legítimas expectativas<br />

<strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r.<br />

Os argumentos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m processual e material cita<strong>do</strong>s não se mostram<br />

suficientes para impedir a aplicação <strong>do</strong> instituto <strong>da</strong> ruptura antecipa<strong>da</strong><br />

<strong>do</strong> contrato no or<strong>de</strong>namento jurídico pátrio. Mesmo na ausência <strong>de</strong><br />

dispositivo que preveja a sua ocorrência <strong>de</strong> maneira explícita, a antecipação<br />

<strong>do</strong> termo encontra fun<strong>da</strong>mento na concepção funcionaliza<strong>da</strong> <strong>da</strong> obrigação<br />

e nos princípios <strong>da</strong> boa-fé objetiva e <strong>da</strong> confiança entre as partes,<br />

como forma <strong>de</strong> proteção <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r frente aos abusos comportamentais<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r.<br />

A análise jurispru<strong>de</strong>ncial aqui apresenta<strong>da</strong> apenas confirma a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> inadimplemento antecipa<strong>do</strong> <strong>do</strong> contrato no direito brasileiro.<br />

Conforme verifica<strong>do</strong>, os prece<strong>de</strong>ntes vêm se espalhan<strong>do</strong> pelo país, sen<strong>do</strong><br />

certo que o próprio Superior <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> Justiça já se posicionou pela aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> instituto. Apesar <strong>de</strong>, na maioria <strong>do</strong>s julga<strong>do</strong>s, a antecipação<br />

<strong>do</strong> termo ter si<strong>do</strong> reconheci<strong>da</strong> apenas em contratos <strong>de</strong> construção por<br />

prazo <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>, é possível imaginar que o atual <strong>de</strong>staque que o instituto<br />

vem ganhan<strong>do</strong> na <strong>do</strong>utrina e na jurisprudência irá garantir que novas<br />

situações <strong>de</strong> aplicação <strong>do</strong> instituto sejam visualiza<strong>da</strong>s pelos julga<strong>do</strong>res.<br />

No entanto, é preciso frisar que esta mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inadimplemento<br />

constitui hipótese excepcional, justificável apenas quan<strong>do</strong> se mostrar<br />

impositiva a tutela <strong>da</strong> confiança, <strong>da</strong> boa-fé objetiva e <strong>da</strong> mitigação <strong>da</strong>s<br />

per<strong>da</strong>s <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r. A banalização <strong>do</strong> instituto po<strong>de</strong>rá gerar um exercício<br />

abusivo <strong>do</strong> direito, crian<strong>do</strong> situações nas quais, mediante a utilização<br />

<strong>de</strong>turpa<strong>da</strong> <strong>da</strong> boa-fé, a contraparte buscará, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma sobreposição<br />

à autonomia <strong>da</strong> vonta<strong>de</strong> e às disposições contratuais. Desse mo<strong>do</strong>,<br />

é necessária cautela por parte <strong>do</strong>s aplica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> direito, a fim <strong>de</strong> que se<br />

possa analisar, <strong>de</strong> maneira objetiva, as situações fáticas que acarretem a<br />

quebra antecipa<strong>da</strong> <strong>do</strong> contrato.<br />

É preciso que o cre<strong>do</strong>r <strong>de</strong>monstre, <strong>de</strong> maneira certa e precisa, a<br />

configuração <strong>do</strong>s elementos caracteriza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> instituto. A antecipação<br />

<strong>do</strong> termo se reveste <strong>de</strong> limitações, as quais <strong>de</strong>vem ser cui<strong>da</strong><strong>do</strong>samente<br />

construí<strong>da</strong>s e analisa<strong>da</strong>s pela <strong>do</strong>utrina e pela jurisprudência nacional.<br />

172<br />

R. <strong>EMERJ</strong>, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 145-172, out.-<strong>de</strong>z. 2011

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