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sheilla borges dourado - uea - pós graduação

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105no território do Estado, compondo uma “multiplicidade em si diferenciada, mista,constituída em grupos” (MULLER, ibid., p. 109).Segundo Ralph Christensen, em prefácio ao livro de Muller, um dos riscos da teoriada democracia é o conceito “em bloco” do povo, considerado a meta do aperfeiçoamentoda dominação. Em defesa do reconhecimento da diversidade, em todos os seus sentidos, oautor afirma que “o advento de diferenças não é o obstáculo a ser sempre superado naampliação do povo ativo, mas é igualmente constitutivo para a renovação e continuação doprocesso democrático” (CHRISTENSEN in MULLER, 2003, p. 39-40).Nessa perspectiva, as formas de participação desses sujeitos diferenciados, os quaisconstituem os povos e comunidades tradicionais - indígenas e não-indígenas-, também semanifestariam de maneira diferenciada, conforme suas condições reais de existência.Como se verá adiante, as realidades dos sujeitos indígenas no Estado do Amazonas,focalizados por esta dissertação, não correspondem à cena descrita por Moreira Neto.No que diz respeito ao caráter individual da participação referida, Bourdieu atentaque a lógica do voto é a mesma do mercado 106 , e que a opinião “coletiva”, na verdade, nãoé produto de uma verdadeira ação coletiva, de um trabalho elaborado em comum, mas deuma “agregação estatística pura de opiniões individuais individualmente produzidas eexpressas.” (BOURDIEU, 2005, p. 74). Para o sociólogo, essa opção é alienante edesfavorável aos dominados, tomados como conjuntos de elementos justapostos, reduzidosao estado de agregados. Nas suas palavras, para se trazer uma contribuição decisiva para aconstrução de uma verdadeira democracia:É preciso trabalhar para criar as condições sociais de instauração de um modorealmente coletivo de fabricação da ‘vontade geral’ (ou da opinião coletiva), ouseja, fundado na permuta regulada de uma confrontação dialética que suponha umacordo sobre os instrumentos de comunicação necessários para estabelecer o106 Em suas palavras: “A visão liberal identifica o ato elementar da democracia (o voto) tal como égeralmente concebido com a ação solitária, ou melhor, silenciosa e secreta de indivíduos reunidos somentepara essa circunstância excepcional, que não se conhecem, que não contribuíram mutuamente para aformação das suas opiniões” (BORDIEU, ibid. p. 74).

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