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sheilla borges dourado - uea - pós graduação

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39“tradicional” surge como invariavelmente referida a “repetição”, “costume” e àcaracterística de ser “transmitido de geração a geração”.A noção ressignificada de “tradicional”, desenvolvida mais recentemente porHobsbawm e outros estudiosos, rompe com todas as alusões à continuidade. Mostra-sedescontínua e relativamente independente de um tempo linear e de uma “história”,evidenciando uma “tradição inventada”, a saber:O termo “tradição inventada” é utilizado num sentido amplo, mas nuncaindefinido. Inclui tanto as “tradições” realmente inventadas, construídas eformalmente institucionalizadas, quanto as que surgiram de maneira mais difícilde localizar num período limitado e determinado de tempo – às vezes coisa depoucos anos apenas – e se estabeleceram com enorme rapidez. (...) É óbvio quenem todas essas tradições perduram; nosso objetivo primordial, porém, não éestudar suas chances de sobrevivência, mas sim o modo como elas surgiram e seestabeleceram.Por “tradição inventada” entende-se um conjunto de práticas, normalmentereguladas por regras tácitas ou abertamente aceitas; tais práticas, de naturezaritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamentoatravés da repetição, o que implica, automaticamente; uma continuidade emrelação ao passado. Aliás, sempre que possível, tenta-se estabelecercontinuidade com um passado histórico apropriado. (...) O passado histórico noqual a nova tradição é inserida não precisa ser remoto, perdido nas brumas dotempo (Hobsbawm, 2002, p.10).Outra interpretação antropológica, que reitera a formulação de Hobsbawm,corresponde ao pensamento de Sahlins. Para este autor, todas as tradições são “inventadas”no e para os objetivos do presente (SAHLINS, 2004, p. 506).Para evidenciar os efeitos desta abordagem e suas implicações, cabe registrar que,desde pelo menos os anos 1920-30, em experiências etnográficas consideradas clássicas,verifica-se a importância descritiva de episódios relativos a este significado emergente de“conhecimento tradicional”. Os relatos do trabalho de campo de Firth em Nós, OsTikopias 44 , que foram reproduzidos por Joseph Casagrande e que se referem à historiarecontada por Firth 45sobre seu melhor amigo e entrevistado tikopiano Pa Fenuatara,44 Vide FIRTH, Raymond. Nós, os Tikopias: um estudo sociológico do parentesco na Polinésia primitiva.São Paulo: EDUSP, 1998. Tradução de Mary Amazonas Leite de Barros e Geraldo Gerson de Souza.45 Tive acesso a este trabalho etnográfico a partir dos materiais do curso “Leitura crítica de monografiasclássicas: elementos para uma analise comparativa de trabalhos etnográficos relativos a Amazônia”,

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