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sheilla borges dourado - uea - pós graduação

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69texto constitucional, bem como os direitos sobre as terras tradicionalmente ocupadas (art.231 da CF/88).Desde então, a pauta de luta política dos povos indígenas passou por mudanças,inclusive incorporando a reivindicação por direitos étnicos, culturais e ambientais e agarantia do cumprimento dos dispositivos constitucionais relativos à terra. Esse novocontexto político permitiu – e ainda permite – que os sujeitos indígenas passassem aidentificar-se como indivíduos e também como grupos, distintos entre si, abandonando aimagem do índio genérico, tutelado e provisório que antes prevalecia na legislaçãonacional.Nem o índio genérico nem o “caboclo”, eufemismo para significar um estágio mais“civilizado” do silvícola, cabem no discurso atual do movimento indígena. O direito aoreconhecimento da diversidade e das especificidades dos povos indígenas tem sido usadocomo bandeira de luta social. As palavras de um representante indígena Baré, morador deBarcelos, na região do Médio Rio Negro (AM), bem ilustram a mudança de paradigma quesignificou a Constituição Federal de 1988 para as questões indígenas:Tem gente que não se reconhece como indígena, porque o processo é novo.Antes, se reconhecer como indígena era ser excluído de tudo e de todos. A genteera proibido de falar nossa língua. Não existe “caboclo”, é uma forma paradeixar de ser índio. As políticas públicas beneficiavam brancos e “caboclos”.Você era forçado a dizer que era caboclo. Depois da Constituição isso mudou.Feitas essas considerações, o objetivo deste capítulo é observar, em primeiro lugar,as estratégias discursivas do movimento indígena na luta para ocupar uma posição nocampo político em que se discute o tratamento legal dos conhecimentos tradicionaisassociados à biodiversidade. Tais discursos serão observados a partir de documentoselaborados por representantes indígenas. O movimento indígena aqui é considerado nosingular, a despeito da consciência de que seria mais conveniente falar-se em movimentos

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