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sheilla borges dourado - uea - pós graduação

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128mesmo que não sejam filiadas, a gente acaba levando reivindicações que nãosão nossas, que nós, em função do trabalho que nós temos, a gente conseguelevar para distante. Mas o ideal seriam representações das cinco regiões, seriamrepresentações escolhidas mediante mecanismos adequados. Mas nem sequerexiste sequer informação de como participar desses fóruns, quais os requisitospara participar. Então, se você não falar inglês ou espanhol, não adianta ir numareunião dessas, se a tua organização não possui acesso à internet, você não vaiconseguir ir para uma reunião dessas. Então existe uma série de restrições quedeterminam que um país com tanta diversidade cultural tenha tão poucaparticipação. Essa é uma das deficiências, é uma das causas do pouco avanço dedireito no cenário internacional. E essa é até uma lacuna que a gente tambémtem tentado sanar, divulgando informação, mandando formulário, dizendo:“Oh! Estão aqui os formulários. Preencham em português, a gente traduz para oespanhol pra vocês”. Mas existe todo um receio também, de sair do país, semter o acompanhamento de um tradutor, de um assessor, pois nem sempre existerecurso financeiro para isso.Essa fala ilustra o que venho pretendendo demonstrar acerca da participação depovos indígenas no campo político: que a referida participação apresenta limitações defato, reais, que vão desde o domínio de uma língua estrangeira, ou de uma linguagemtécnica específica como a linguagem do direito, até a disponibilidade de equipamentos emeios de comunicação, ou mesmo de energia elétrica, para que os sujeitos indígenaspossam ter acesso à informação e se inserir nas discussões em condições de interferir nosseus resultados, especialmente através de mecanismos como a consulta pública. Esta seriaa “participação efetiva” preconizada pelo movimento indígena.O INBRAPI, em princípio, não tem o objetivo de ser representante político dospovos indígenas, pois tem uma função precípua de assessoria técnica. No entanto, deacordo com L. F. Kaingáng, a passagem dessa assessoria técnica para uma representaçãopolítica de povos, comunidades e associações indígenas seria uma conseqüência “natural”da atuação dessa organização perante os organismos internacionais:Nós não temos um interesse de representação política, o que também não éexcluído porque o fato de você ser uma assessoria técnica, que trabalha comcinco regiões, que influencia, que forma opinião, te dá uma representatividadepolítica que nem é uma reivindicação tua.Os riscos do que Bourdieu enfatiza como “personificação do coletivo” aparecemnestes contextos relativos à representação (ou delegação). Para o este autor, é o delegado,ou o porta-voz, quem faz o grupo, numa relação circular. Uma vez que o representante

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