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sheilla borges dourado - uea - pós graduação

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45sabedorias indígenas, segundo o documento, conectam seres humanos, ambientes naturaise são construídas em profunda sincronia com o mundo espiritual.O reconhecimento do conhecimento tradicional como fonte de medicamentos éacompanhado da demanda pelo seu reconhecimento como ciência. Nos documentosanalisados no decorrer desta dissertação, foi possível constatar que os “saberes indígenas”são invariavelmente afirmados como “científicos” pelo movimento indígena.Na Carta de São Luis, datada de 06 de dezembro de 2001, as lideranças indígenas eos pajés propõem aos governos o reconhecimento dos conhecimentos tradicionais dospovos indígenas como “saber” e “ciência”. Através da demanda pelo “tratamentoequitativo em relação ao conhecimento científico ocidental”, pretende o referidodocumento equiparar o status dos dois tipos de conhecimento, o que significa, inclusive,estabelecer políticas de ciência e tecnologia para os conhecimentos tradicionais. Taldemanda do movimento indígena visa equilibrar a situação de desigualdade em que seencontram os conhecimentos concebidos dicotomicamente como se fossem opostos.Assim, como já foi dito, o “conhecimento tradicional” e o “conhecimento científico”digladiam por espaço e lutam por legitimidade.Lúcia Fernanda Kaingáng, do INBRAPI, reafirmou, em entrevista, as potenciaiscontribuições do conhecimento tradicional associado à humanidade e a necessidade derecompensar seu uso 53 :Nós temos conhecimentos valiosos, para tentar reverter esse processo demudança climática, de degradação ambiental, de degradação social, nós temosrespostas para muitos males da humanidade. Isso não é um clichê. Agora, issotem que ser compartilhado em bases igualitárias e não na base da imposição, dadesapropriação, do uso em função do bem comum. (...) Nós podemos contribuirmuito para a ciência e tecnologia, mas vocês têm que reconhecer que os nossossaberes são científicos. Se os de vocês são tão bons e vocês não precisam dagente, porque tanta pressão para pesquisar, porque tanta hipocrisia de [separar]o saber tradicional e ‘nós, o saber científico, o saber acadêmico, empírico’, etc.,etc. Existe muita hipocrisia, muita superioridade imposta, e isso não é verdade.(Kaingáng, L. F – entrevista à autora, em 28.08.2008)53 No mesmo sentido, mas fazendo referência à alimentação e à saúde, manifestou-se Terena, em 1999, empalestra proferida na UNB e transcrita na seguinte publicação: MORIN, Edgar. Saberes Globais e SaberesLocais: o olhar transdisciplinar. Rio de Janeiro: Garamond, 2008, pp 20-22.

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